A Fraport Brasil, concessionária do Aeroporto de Fortaleza, está instalando cerca duplas no perímetro do Pinto Martins. A implementação das cercas inviabiliza a prática dos spotters (apaixonados em fotografar e filmar os aviões), segundo os profissionais ouvidos pela coluna.
As cercas duplas acabam por poluir as fotos, dado que não se obtêm imagens livre das aeronaves.
A coluna questionou à Fraport se a instalação da cerca dupla tem relação com estratégia de redução de FOD (Foreign Object Debris) – redução de objetos estranhos no lado operacional (lado ar) do aeroporto. O FOD representa risco às aeronaves e já foi motivo de acidentes na aviação mundial.
Em nota, a Fraport confirma que a instalação das barreiras obedece às necessidades estipuladas pelo Regulamento Brasileiro de Aviação Civil – 107 (RBAC-107).
Esse motivo é de fato algo caro e na aviação não há espaço para qualquer ocorrência anormal, muito menos incidentes e/ou acidentes.
Por outro lado, a comunidade de spotters se queixa de falta de diálogo sobre o tema:
“Ainda que tais cercas visem de fato aumentar a segurança por conta de algum regulamento da Anac ou afins, a comunicação da Fraport não nos buscou. Eles têm nossos e-mails, então poderiam entrar em contato conosco e avisar sobre as mudanças, promovendo mais transparência. Onde está o “canal de comunicação” que foi mencionado na reunião passada”?, questiona um spotter em grupo criado intitulado #FIMDACERCADUPLA, que reunia pelo menos 25 participantes.
Outra pergunta que a comunidade se faz é sobre a criação de Spotters Point, pontos adequados para a prática da spotting.
Há informações de outros aeroportos que criaram esses pontos com plataformas elevadas que permitem imagens livres aos fotógrafos.
No Spotter Day, a Fraport comentou, para grande entusiasmo dos spotters, sobre a análise de um local para servir de Spotter Point, porém, a empresa não nos respondeu atualizando sobre essa previsão.
Primeira vez da adoção de cerca dupla
Segundo os spotters, a adoção de cerca dupla teria se iniciado após a aglomeração da visita do Beluga em 2022.
“A cerca dupla na Proer (próximo ao Terminal de Cargas) foi colocada no dia seguinte à chegada do Beluga (em 2022). Depois do acontecido com uma das antigas escadas que desabou”, comentou um spotter.
Para eles, a continuidade da implantação da cerca dupla não tem relação somente com FOD, mas como um desestímulo ao spotting.
Veja nota da Fraport na íntegra:
“Prezados Spotters,
A Fraport Brasil acredita veementemente na responsabilidade da comunidade de Spotters do Fortaleza Airport e na capacidade de entendimento desse público sobre o zelo pela segurança da aviação, por isso que, ao longo destes anos sob a nossa gestão, construímos um cadastro de 220 Spotters autorizados a se aproximarem de uma zona de risco, que são as grades que separam a área operacional da via pública.
Contudo, a Fraport Brasil precisa seguir as normas brasileiras que garantem a segurança da aviação civil, estabelecidas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), como cita o trecho abaixo:
“107.67 Barreira de Segurança
(a) O operador de aeródromo deve implantar barreiras de segurança que sejam capazes de dissuadir e dificultar o acesso não autorizado de pessoas às áreas delimitadas pelo perímetro operacional (lado ar) e suas subáreas, áreas controladas e áreas restritas de segurança.”
E ainda, “serem implantadas de tal forma que dificultem o arremesso de substâncias e artigos explosivos em uma aeronave, próximos a ela ou em outros pontos sensíveis”.
Portanto, como mais uma forma preventiva de inibir tais práticas, que possam ser adotadas por outros públicos, assim como seguir obedecendo à regulação e fiscalização da Anac, tivemos que fazer a segunda cerca na área conhecida como “Formigueiro”.
A Fraport Brasil reconhece a atuação da comunidade de Spotters no Aeroporto de Fortaleza, tanto que realizou no último mês de abril, mais uma edição do Spotter Day, recebendo 30 entusiastas da aviação nas dependências do Fortaleza Airport. Seguiremos em contato direto com os Spotters para que novas atividades sejam desenvolvidas, sempre mantendo como prioridade a segurança operacional.”
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*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.