Vem aí a Amônia Verde! Uma verdadeira epifania, diz engenheiro

O subproduto mais relevante do H2V é a Amônia Verde, um líquido armazenável e transportável, que também poderá funcionar como carregador do Hidrogênio Verde por longas distâncias,

Especialista em energia, agora com foco nas renováveis, o engenheiro José Carlos Braga transmite a esta coluna um comentário a respeito do que está chegando nessa área aqui e no mundo. E o que está vindo aí é a Amônia Verde, que terá influência na agropecuária, transformando-se numa “verdadeira epifania” (a manifestação de Deus). 

O Hidrogênio Verde é, na opinião de Braga, a vedete da nova matriz energética, pois tem o poder de gerar energia elétrica sem produzir CO2. 

Embora seu uso mais conhecido seja para a mobilidade, principalmente em veículos automotores, “as células de combustível podem servir de unidades fixas para a geração de energia elétrica, podendo ainda fornecer frio ou calor”.

De acordo com ele, essas células são vistas, também, como potenciais fontes de energia para aeronaves, e, no mar, há espaço para o Hidrogênio Verde (HsV) como propulsão de embarcações, sejam navios de cruzeiro ou de carga. 

Também será possível ao H2V alimentar veículos de serviço, como empilhadeiras e caminhões, além de ônibus e trens. Traduzindo: estamos falando sobre o petróleo não poluente do século XXI.

“Nesse mesmo diapasão, o subproduto mais relevante do H2V é a Amônia Verde, um líquido armazenável e transportável, que também poderá funcionar como carregador do Hidrogênio Verde por longas distâncias, visto que se utilizará da tecnologia e da infraestrutura existentes para o transporte da amônia fóssil, as quais já são muito bem desenvolvidas. Uma vantagem dessa rota é que, ao chegar ao destino, o Hidrogênio poderá ser novamente extraído para uso final”, afirma José Carlos Braga.

Ele se refere ao casamento da Amônia com o agro:

“No que tange ao agro, a Amônia é a principal matéria-prima para a produção de fertilizantes nitrogenados, como nitrato de amônia e ureia, que têm importância extremamente relevante. O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes e importa mais de 90% desse insumo nitrogenado, o que leva a economia e a segurança alimentar do país a dependerem da importação de sua versão fóssil”, adverte o engenheiro.

Produzida por meio do tradicional processo de síntese de Haber-Bosch, da combinação entre o Hidrogênio Verde e o Nitrogênio capturado do ar, o Hub do H2V do Pecém poderá tornar-se, até 2030, o líder mundial da produção desse insumo verde, “a depender da efetividade do poder público no que se refere à rapidez de normatização, licenciamento e destravamento para produção e distribuição desses tesouros energéticos muito valorizados em tempos de ESG e Sustentabilidade”.