Pela primeira vez em sua história, o Reino Unido terá como primeiro-ministro, ou seja, como chefe do seu Governo, um britânico filho de imigrantes indianos, que tem a cor dos seus pais e ancestrais da Índia, Rishi Sunak.
Aos 42 anos, nascido em Southampton, maior cidade do litoral Sul da Inglaterra, ele é um homem muito rico. Graduado pela Stanford Graduate School of Business, Sunak trabalhou no banco Goldman Sachs e depois foi sócio do fundo de hedge The Children's Investment Fund Management e Theleme Partners.
Em 2015, elegeu-se parlamentar por Richmond. Em 2019, foi nomeado secretário-chefe do Tesouro. Em 2020, tornou-se chanceler do Tesouro, o equivalente a ministro da economia.
Ele tem um grande desafio: tirar o Reino Unido de uma grave e profunda crise, que começa pela alta inflação, que já passou dos 10%, e chega ao Brexit, o calcanhar de Aquiles dos ingleses. Neste momento, perante e opinião pública interna e externa, o prestígio do governo inglês é ruim.
Antes de Sunak, o Reino Unido foi governador por Boris Johonson, cuja gestão durou três anos, e por Liz Truss, que passou apenas 44 dias como premiê. Os dois meteram os pés pelas mãos e o governo de ambos conduziu a economia britânica ao caos em que se encontra hoje.
Sunak já disse, no primeiro pronunciamento após ser escolhido pelo Partido Conservador como seu novo líder, que reduzirá os gastos públicos, uma notícia que teve boa e imediata repercussão no mercado.
Mas uma parte da população inglesa desconfia de Rishi Sunak porque, sendo um homem milionário, com uma fortuna estimada em R$ 5 bilhões, poderá implementar políticas públicas que beneficiem os setores mais ricos da sociedade. Mas desconfiança como essa acontece em todos os países democráticos em que a oposição faz barulho e é forte – como a do Reino Unido.
Os conservadores dominam o Parlamento, mas os trabalhistas já lideram todas as pesquisas, razão pela qual trabalham para que sejam antecipadas as eleições, possibilidade que agora estará afastada por um bom tempo, tendo em vista que Sunak acaba de ser escolhido líder do Partido Conservador e, conequentemente, novo premiê. Ele chega ao poder com um alto e bom nível de expectativa por parte dos britânicos.
E por que a escolha do novo primeiro-ministro britânico entra aqui nesta coluna, que é dedicada aos fatos da economia do Ceará, do Nordeste e do Brasil? Pelo exemplo que os ingleses dão, mais uma vez, ao resto do mundo.
O Reino Unido cometeu, enquanto dominou a Índia e parte da África, crimes horrendos contra a população dos países colonizados, além de ter se apropriado de suas riquezas naturais. A luta de Mahtma Ghandi para libertar a Índia do impérito britânico é uma das páginas mais belas da história dos povos pela liberdade.
Agora, democracia consolidada, tendo enfrentado e vencido a guerra contra o nazismo sob a liderança de Winston Churchill, o Reino Unido – uma monarquia ainda muito respeitada no mundo e muito admirada pelo povo inglês – é uma das maiores potências econômicas, militares, cientificas e tecnológicas do mundo.
O Reino Unido está novamente em crise, mas dispõe de gente capaz de superá-la.
Rishi Sunak faz parte dessa gente.