Poderia ir melhor a indústria de mineração do Ceará, que tem na extração de mármores e granitos do chão de municípios da região Norte do Estado sua maior fonte de divisas por conta da exportação desses belos materiais.
Mas – falemos a verdade – por culpa do governo estadual que não cumpriu um acordo feito há oito anos com mineradores do Espírito Santo, o que a indústria mineradora cearense exporta são apenas gigantescos blocos dos mais disputados e encantadores quartzitos mundiais, sem qualquer valor agregado, o que é feito no Espírito Santo, na Itália e em países da Ásia.
Reparem só: o Ceará é apenas o oitavo exportador brasileiro de minerais e o segundo da região Nordeste, atrás da Bahia, que também está na nossa frente na geração das energias solar e eólica.
Até maio deste ano – segundo informa Carlos Rubens Alencar, presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Ceará (Simagran) – as exportações minerais cearenses alcançaram US$ 28,3 milhões, mas poderiam ter sido cinco vezes maiores, se hoje estivessem implantadas e operando na Zona de Processamento para Exportação (ZPE) do Pecém as plantas de beneficiamento que os empresários capixabas implantariam aqui em troca de incentivos prometidos e não cumpridos.
Não obstante – como sempre acontece quando se trata de projetos que têm o cearense à frente – surgem boas perspectivas. De acordo com Rubens Alencar, “o avanço da pauta da sustentabilidade da mineração no Ceará irá ter uma importância crescente, pois, como é de curial sabença, não há como termos o crescimento das energias alternativas como eólica, solar, do hidrogênio verde e das baterias dos carros elétricos sem a produção mineral”.
A Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), por meio do seu Centro Internacional de Negócios (CIN), “acaba de realizar mais uma entrega muito importante e que amplifica o trabalho espetacular que vem sendo desenvolvido pelo presidente Ricardo Cavalcante”, que é um empresário do ramo da mineração.
Ainda segundo a mesma fonte, “os valores relativos à exportação cearense de minerais correspondem a 5,5% da balança comercial do Estado, e a grande vedete são os quartzitos e granitos, seguidos pelas ligas de ferrosilício, magnésia calcinada e as lajes cerâmicas da Cerbras”.
Deve ser lembrado que, em 2022, ou seja, há dois anos, o Ceará exportou em mármores, granitos e outros minerais, o equivalente a US$47,5 milhões o que evidencia uma queda inquietante das exportações, mas deixa à mostra a importância do setor, que gera renda e emprego na zona rural, sendo fundamental para o desenvolvimento econômico do Estado.
Também deve ser dito que os grandes blocos de mármores e granitos extraídos do solo cearense saem daqui em caminhões ou navios para os portos do Espírito Santo, cuja indústria mineradora os beneficia, transformando-os em peças belas e caríssimas, todas exportadas, com valor agregado, para países da América do Norte, Europa – a Itália no meio – e Ásia – a China no meio.
O imenso Aeroporto Internacional de Dubai exibe as maravilhas dos granitos e mármores cearenses, o que revela o seu valor para a arquitetura moderna.
Até este momento, há nenhuma notícia sobre o interesse de empresários capixabas em investir na implantação de unidades industriais para o beneficiamento das rochas ornamentais do Ceará.
Mas, se o governo cearense fizer um esforço concentrado, falando diretamente com os líderes dessa indústria no Espírito Santo, talvez se acenda uma luz no fim desse túnel aberto em 2016, quando 15 empresas capixabas assinaram, com a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, uma manifestação de interesse de instalar-se na ZPE. Por causa disso, algumas delas chegaram aqui e hoje operam na extração e exportação de mármores e granitos.
Isso aconteceu quando a área da ZPE era pequena. Hoje, essa área está quase triplicada e pronta para abrigar as empresas que produzirão hidrogênio verde e, também, as da mineração.