Encerrou-se ontem no Centro de Eventos do Ceará o 14º Congresso Brasileiro do Algodão, o maior de todos até aqui promovidos pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), como revelou seu próprio presidente, Alexandre Schenkel.
Que legado deixou essa reunião de grandes produtores e exportadores brasileiros de algodão e de grandes importadores dos principais países consumidores?
Em busca de uma resposta, esta coluna ouviu empresários dos estados produtores, na opinião dos quais o evento consolidou a posição do Brasil de protagonista da cotonicultura mundial. O Brasil é, desde maio passado, o maior exportador de algodão do mundo, sendo o terceiro maior produtor.
O Congresso de Fortaleza foi o palco para a celebração desse protagonismo, que prosseguirá por mais tempo ainda porque o algodão brasileiro poderá ampliar sua área de produção, beneficiando-se da tecnologia da Embrapa, que criou e desenvolveu a integração lavoura-pecuária-floresta.
Por enquanto, porém, por causa da alta carga tributária e dos altos juros, estão travados os investimentos na ampliação dos algodoais no Centro Oeste, no Tocantins e na Bahia. No Piauí e no Maranhão, estados em que a cotonicultura começou há pouco tempo, investidores mato-grossenses, gaúchos, paranaenses e tocantinenses ampliam suas áreas de produção.
Mas não só eles. Esta coluna informa que há um grande empresário do agro cearense já instalado no interior do Maranhão, produzindo soja em alguns milhares de hectares.
Na esteira do Congresso Brasileiro do Algodão, o Ceará, por meio da parceria celebrada pela Federação da Agricultura e Pecuária (Faec) e a Federação das Indústrias (Fiec) com o Governo do Estado, deu partida ao projeto “Algodão do Ceará”. Fê-lo em grande estilo, anunciando, na ocasião, a chegada do primeiro investidor – a família Brunetta, que produz soja em Mato Grosso – a qual comprou 3 mil hectares na Chapada do Araripe, onde produzirá mandioca, soja e algodão.
Esta coluna ouviu o engenheiro cearense Sérgio Armando Benevides Filho, diretor Comercial da Companhia Algodão de Valença (Bahia) e da Têxtil União (Ceará) e gerente de Ativos Fundiários da Casa dos Ventos Energias Renováveis – que são empresas controladas pelo empresário cearense Mário Araripe. Benevides é ainda coordenador do Comitê de Algodão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) e profundo conhecedor da cotonicultura brasileira e mundial – no campo e na indústria – ele emitiu uma boa, curta e otimista opinião sobre o projeto Algodão do Ceará, que é a seguinte:
“Com a presença de produtores gaúchos e paranaenses que produzem soja e algodão em Mato Grosso e na Bahia, os cearenses podemos agora sonhar grande de novo. Esses grandes produtores dispõem da moderna tecnologia, sabem como tratar o solo e são daqueles empresários que se dedicam inteiramente ao trabalho. São os gaúchos e paranaenses que comandam, também, a cotonicultura no Oeste da Bahia, que cresce em ritmo de frevo. Conhecendo, como conheço, a alma empreendedora do produtor rural do Ceará – pequeno, médio e grande – e, mais ainda, a sua provada inteligência e sua total dedicação à tarefa de empreender, somadas à sua ousada, tudo isto me leva a afirmar que o projeto Algodão do Ceará tem 100% de chance de dar certo”.
Fernando Franco, um agropecuarista com fazenda de produção em Redenção, revelou à coluna que investirá, em 2025, no cultivo de algodão em 100 dos 200 hectares de outra fazenda de sua propriedade localizada na Chapada da Ibiapaba. Para isso, procurará a Faec e o Senar-CE em busca de orientação técnica.
Agora, ma informação em primeira mão: a Faec e a Fiec estão celebrando contrato com o mais importante consultor brasileiro em algodão. Ele se chama, Milton Ide, que presta consultopria às maiores empresas produtoras de algodão do Centro Oeste e do Oeste da Bahia.
Pois bem: nos próximos dias 8 e 9 (domingo e segunda-feira), na companhia do presidente da Faec, Amílcar Silveira, ele visitará as terras localizadas na Chapada do Araripe, nas quais deverão ser localizados os primeiros vultosos investimentos previstos pelo Projeto Algodão do Ceará. Milton Ide disse quarta-feira passada, no café da manhã de lançamento do projeto Algodão do Ceará, que as condições de clima e solo da região do Cariri são muito boas, apostando no êxito do empreendimento, pois a tecnologia existente superará qualquer dificuldade.