Com as recentes flexibilizações das atividades não-essenciais pelo Governo do Ceará, a movimentação turística tem crescido nas últimas semanas. Conforme a Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo do Ceará (AMHT), a ocupação da rede de pequenos hotéis e pousadas pode chegar a 70% em julho caso a tendência de movimentação atual se mantenha.
A presidente da AMHT, Vera Lúcia da Silva, prevê que no mês de férias escolares a procura deve aumentar. “Tem muita demanda reprimida. Caso continue assim, a expectativa é de que seja um mês bom”. Atualmente, a capacidade máxima permitida de funcionamento do segmento é de 80%.
Em média, a ocupação da rede no estado está em 40%, valor bem abaixo da normalidade para o período (90%), conforme Vera Lucia.
Flexibilização das atividades
Para a presidente da AMHT, a flexibilização anunciada nesta sexta-feira (28) pelo governador Camilo Santana pode favorecer o turismo no estado. O novo decreto permite o avanço da reabertura nas macrorregiões do Sertão Central e Litoral Leste/Jaguaribe, mas mantém as medidas para Fortaleza e Sobral.
“A partir do momento que libera, os turistas têm mais vontade de vir, por terem mais liberdade de transitar. É um avanço e muito positivo, vamos sentir certamente uma maior procura por reservas, como já temos sentido nas últimas semanas”
Já Régis Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Ceará (ABIH), pontua que a medida, para a rede de grandes hotéis, não deve impactar tanto assim.
“A região litorânea tendo funcionamento igual ao de Fortaleza não muda muito, mas é ótimo. Turista usa restaurantes bares, barracas de praia, com isso funcionando, há uma maior procura”.
A maior demanda do setor é pela liberação de eventos com até 50 pessoas nos salões dos hotéis, a exemplo de reuniões corporativas. “Eventos são muito importantes para o turismo, mas está proibido 100%. O próximo passo para nós do turismo é a liberação com todos os protocolos sanitários sendo seguidos”, diz.
Desempenho do segmento
Ainda com as restrições por conta da pandemia, o cenário do turismo no litoral e na serra cearenses é marcado pela movimentação de cearenses, segundo Medeiros. Já em Fortaleza, a demanda é composta por turistas de outros estados, principalmente do Nordeste, o que não é tão comum em períodos não pandêmicos.
“Em Fortaleza, temos um percentual bem expressivo de turistas do Sudeste, mas agora há um maior equilíbrio com relação ao Nordeste. Os voos ainda estão reduzidos e caros, então as pessoas optam pelas viagens rodoviárias”, explica Medeiros.
De acordo com o presidente da ABIH, em situações normais, a ocupação dos hotéis neste período é de cerca de 50 a 60%, enquanto, neste ano, está em 30%.
Comércio
O anúncio do governador, entretanto, frustrou o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio), Luiz Gastão Bittencourt. Ele lamentou que a reabertura dos cinemas em shoppings e alguns segmentos tenham ficado de fora do decreto.
“Recebemos a informação com tristeza. A nossa expectativa era de que os bares, cinemas e o setor de eventos, que estão precisando muito, pudessem voltar a funcionar”, disse.
Para ele, esses negócios poderiam retornar com capacidade de público reduzida, protocolos de distanciamento entre os clientes e utilização de máscaras de proteção.
Gastão acrescenta que haverá tentativas de novos diálogos com o Estado para que esses pontos sejam revistos. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza) já havia protocolado um pedido solicitando o retorno do funcionamento das salas de cinemas.