A empresa de moda íntima DelRio está em negociações com a Prefeitura de Pentecoste para assumir um dos galpões deixados pela fábrica de calçados Paquetá na cidade, segundo informações apuradas pelo Diário do Nordeste com a companhia.
Conforme a DelRio, é avaliada "uma possibilidade de expansão, mas nada confirmado ainda". A empresa ainda informou "que a negociação ainda não foi concluída", e que a visita ocorrida nesta quinta-feira (18) às instalações dos galpões da Paquetá foi apenas para conhecer a unidade fabril.
Contudo, o prefeito de Pentecoste, Bosco Tabosa declarou em suas redes sociais, no mesmo dia, que a Del Rio será uma das empresas responsáveis por ocupar um dos galpões deixados pela Paquetá. A inauguração, de acordo com o gestor da cidade, deve acontecer "ainda neste primeiro semestre de 2024", com geração imediata de 250 empregos diretos.
"Recebi nesta manhã os responsáveis pela instalação da DelRio Moda Íntima, que ocupará um dos galpões anteriormente sediados pela Paquetá. Agradeço aos representantes da empresa, Luísa Lopes e Antônio Júnior, por oportunizarem este empreendimento em nosso município. (…) Em breve anunciaremos as fabricantes que ocuparão os demais galpões", escreveu Bosco Tabosa.
Em apuração realizada pela reportagem junto a fontes ligadas à Prefeitura de Pentecoste, os galpões deixados pela Paquetá no município já estão sendo negociados com outras empresas. Além da Del Rio, marcas de outros setores estão nas tratativas, dentre elas a Valenti Calçados.
A empresa calçadista — mesmo ramo da Paquetá — já tem fábricas na cidade e, em setembro de 2023, anunciou que expandiria as operações. Até então, eram empregados 900 funcionários, e a expectativa era de, em 18 meses, receber mais 600 operários, totalizando 1,5 mil trabalhadores apenas em Pentecoste.
O Diário do Nordeste entrou em contato com a Valenti Calçados para confirmar as operações, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno.
Fim da Paquetá muda fábricas no Ceará
Em recuperação judicial desde 2019, o Grupo Paquetá, natural do Rio Grande do Sul, vinha evidenciando para os funcionários desde março do ano passado os problemas financeiros que atingem a empresa. Em abril de 2023, a companhia parcelou pela primeira vez em 30 anos de existência no Ceará os salários dos trabalhadores.
Com a intenção de manter empregados os mais de três mil trabalhadores do grupo, o Governo do Estado adiantou, em junho, R$ 23 milhões referentes a parcelas de incentivos fiscais oriundos do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O acordo firmado entre empresa e Governo previa que o Grupo Paquetá mantivesse as fábricas abertas por 31 meses (até janeiro de 2026), o que não foi cumprido pela empresa gaúcha. O Poder Executivo do Ceará estuda uma forma de reaver parte dos valores, o que ainda não foi calculado.
Cinco municípios foram afetados com fechamentos de fábricas da Paquetá: Apuiarés, Irauçuba, Itapajé, Pentecoste e Uruburetama. Mais de três mil pessoas tiveram os postos de trabalho atingidos.
Diante desse cenário, o Governo do Estado passou a negociar com outras empresas para assumir os galpões da Paquetá. Em Uruburetama, uma das plantas deverá ser assumida pela Arezzo, gigante calçadista especializada em artigos de luxo.
Contudo, a chegada da nova empresa não deve ser suficiente para absorver todos os funcionários que trabalhavam nas unidades fabris da Paquetá na cidade. A expectativa é de quem apenas cerca de 40% dos trabalhadores devem ser empregados na unidade em Uruburetama, que deverá ser de sapatos femininos de luxo.