Desemprego e queda na renda emergencial podem arrefecer retomada no Ceará, diz BC

Apesar da preocupação, autoridade monetária pontuou que é esperado crescimento da indústria local, em linha com as expectativas do empresariado e baixo nível de estoques

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(Atualizado às 14:52, em 16 de Março de 2021)

A redução dos programas de manutenção de renda e a ampliação da taxa de desemprego concorrem para arrefecer a retomada da atividade econômica cearense, mas o desempenho da indústria revela horizonte positivo, avalia o Banco Central em relatório divulgado nesta sexta-feira (5). A prévia da atividade econômica do Ceará medida pelo Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (IBCR-CE) encerrou o ano de 2020 em queda de 2,8%.

"Para os próximos meses, o cenário é bastante incerto, em parte pela pouca previsibilidade associada à evolução da pandemia e ao ajuste dos gastos públicos. Por outro lado, espera-se continuidade do crescimento da indústria, em linha com as expectativas em área de otimismo dos empresários e o baixo nível de estoques", destaca o relatório.

A retração foi um pouco maior que a média do Nordeste (2,1%). O IBCR é apurado, no Nordeste, nos estados do Ceará, Pernambuco e Bahia.

Na Bahia, a queda foi maior, com o índice retraindo 3,2%. Em Pernambuco, a atividade econômica ficou estável (0,0%).

O relatório da autoridade monetária aponta que o Ceará vinha registrando crescimento gradual e moderado da atividade econômica no primeiro bimestre de 2020, com um comércio favorecido pelo crescimento salarial em alta e melhor desempenho do crédito, além da recuperação da indústria e do setor de serviços.

"Com o cenário da pandemia da Covid-19, iniciado em março, a economia foi negativamente impactada no segundo trimestre. O segundo semestre foi marcado pela recuperação parcial e indicadores econômicos apontam para acomodação da atividade. A redução dos programas de manutenção da renda e a ampliação da taxa de desemprego concorrem para arrefecer a retomada", detalha o relatório do BC.

Crédito

O relatório pontua que o mercado de crédito no Estado apresentou forte expansão em 2020, "com destaque para a demanda de pessoas jurídicas no contexto da pandemia, atendida, em grande parte, pelos programas emergenciais, com destaque para o Pronampe e PEAC". Os empréstimos totais no Estado aumentaram 13,5% no ano de 2020 contra 2019.