Diante da inflação, especialmente de artigos alimentícios, consumidores têm procurado possibilidades mais baratas para conseguir manter as necessidades básicas. Uma das opções são os atacarejos, estabelecimentos que mesclam o varejo e o atacado.
Com isso, o mercado vem vivenciando um bom ritmo de vendas, mesmo com a crise desencadeada pela pandemia. O Atacadão, por exemplo, segue em expansão e já abriu 11 novas lojas no Brasil, uma delas no Ceará, e a previsão é de que mais 11 sejam inauguradas até o fim deste ano, de acordo com o CEO, Marco Oliveira.
“Além de estacionamento amplo, do layout da loja, os principais atributos do negócio é o preço ser mais competitivo que o varejo. Nesses momentos de crise, a gente percebe que há um apelo ainda maior ainda para o consumidor final e pequenos comerciantes também de nos procurar pra abastecer seus estoques”, afirma o CEO.
Em Fortaleza, o arroz teve aumento acumulado em 12 meses (de agosto de 2020 a julho de 2021) de 43,22%, enquanto as carnes aumentaram 32,06% e o feijão fradinho 51,33%. Os dados fazem parte do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA, indicador da inflação do país.
“O mercado geral de alimentos está sofrendo muito com a alta dos preços. As pessoas começam a fazer trocas por alimentos mais baratos, marcas inferiores, comprando com o mesmo orçamento, já que, infelizmente, a renda não aumentou. Deixam de comprar feijão e arroz e compram massa, trocam a carne por embutidos como a salsicha”.
700 empregos gerados
A nova loja do Atacadão inaugurada neste mês se soma às outras sete já presentes no Estado com investimento da ordem de R$ 80 milhões. Localizada no bairro Carlito Pamplona, a expectativa, conforme o CEO, é a geração de 700 empregos diretos e indiretos e cerca de 8 mil referências de produtos.
"Temos uma operação muito robusta no Ceará. Percebemos essa mudança do perfil do consumidor no Estado, essa adaptação de se fazer mais com menos. No entanto, nosso investimento vem por acreditarmos no potencial de consumo da cidade, o tamanho da economia permitiu a nossa chegada com a quarta loja na Região Metropolitana de Fortaleza”, pontua.
O CEO adianta ainda que o grupo reserva novos projetos para o Ceará em 2022, mas que os detalhes ainda não podem ser divulgados.
Compensação de vendas
Embora considerado setor essencial e liberado para funcionar mesmo durante as medidas mais restritivas da pandemia, a empresa foi impactada com a queda de alguns segmentos, como as vendas para restaurantes e pequenos comércios que representam metade das transações da empresa.
“Por outro lado, essa perda foi compensada por mais consumidores finais indo para as nossas lojas, especialmente por pessoas querendo comprar em maiores quantidades e de forma mais barata. Além dos mercadinhos de bairros, que também cresceram bastante durante a pandemia, impulsionaram nossas vendas também”.
Com isso, a perspectiva para os últimos meses de 2021 é de uma estabilidade nos preços. “As condições de mercado não são favoráveis, mas acreditamos que a partir de outubro e novembro a gente consiga ter uma estabilização nos preços que vai permitir ter um fim do ano um pouco mais equilibrado”.
Diversificação de mercado
O presidente do Grupo Mateus, Ilson Mateus, acrescenta ainda que as lojas de atacarejo possuem um mix de produtos regionais e nacionais, o que possibilita ao cliente a substituição da sua lista por outras marcas garantido economia.
"Ainda temos como diferencial a oferta dos serviços de açougue, peixaria, padaria e lanchonete. Estes atrativos a mais garantem facilidade aos nossos consumidores que podem encontrar tudo o que precisam em um só lugar”, afirma.
Neste ano, o Grupo inaugurou duas lojas no Ceará, uma em Tianguá e outra em Sobral. De acordo com o presidente da empresa, cerca de mil colaboradores foram contratados para as novas operações.
"Mesmo em plena pandemia mantivemos o ritmo acelerado de contratação, graças ao nosso projeto de expansão pela Região Nordeste, que demanda a formação de novos líderes para as lojas. Inclusive, para garantir esse processo de preparação de gestores, mantemos uma universidade corporativa, a ULMA (Universidade de Líderes Mateus)”.
Crescimento em meio à crise
Mateus expõe que, mesmo com a pandemia e a suspensão do auxílio emergencial, a curva de crescimento se manteve e o Grupo seguiu a expansão. Nos últimos seis meses, foram abertas 23 novas unidades. “Elas representaram 20% da receita bruta do segundo trimestre de 2021, com performance mais expressiva que as lojas maduras”.
Além disso, o segmento do atacarejo é responsável por 48% da receita bruta total do Grupo, composto por seis marcas do ramo alimentício. A expectativa é de resultados mais expressivos para o final deste ano.
“Realizamos no segundo trimestre deste ano um importante movimento para avançar em novos estados do Nordeste. Criamos uma nova regional e contratamos profissionais com grande expertise e vasto conhecimento sobre a região. Estamos investindo fortemente em nossa estrutura e logística para garantir o abastecimento eficiente das novas lojas”, acrescenta.
2021 mais tranquilo
Para Marcelo Freitas, da Casas Freitas, o atacarejo ainda é vantajoso para o negócio, que acaba por vender mais. No comando das 20 lojas espalhadas pelo Ceará, Pará, Maranhão e Piauí, o empresário do ramo de utensílios domésticos relata que, apesar da crise, há um plano de expansão agressivo em curso.
“Este ano está meio esquisito, estamos em recuperação e vivenciando um movimento mais estável. Pelo número de lojas, vendemos mais neste mês de agosto que vendemos ano passado”.
Com as restrições de funcionamento por conta da pandemia, Freitas conta que o início foi difícil por não haver perspectiva de abertura. “Ano passado funcionamento por delivery, mas foi um terror. Um quadro altíssimo de funcionários, aluguel”.
Apesar disso, o fim de 2020 foi bastante positivo para o comércio, que segundo Freitas, vivenciou “cinco dezembros, foi um período de vendas muito alto depois que abrimos”.