Com investimento de R$ 50 milhões, Qair começa a produzir Hidrogênio Verde no Ceará em 2024

Estimativa foi dada por executivo da companhia que participou do Proenergia Summit, evento voltado para o setor de energias renováveis

A usina de Hidrogênio Verde (H2V) da Qair Brasil — subsidiária nacional do grupo francês Qair International — deve entrar em operação até novembro de 2024, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), situado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Com investimento de R$ 50 milhões, a planta inicial terá capacidade instalada 5 megawatts (MW).

As informações foram divulgadas pelo diretor de operações da companhia, Gustavo Silva, nessa quarta-feira (20), durante o Proenergia Summit, no Centro de Eventos, na Capital. 

Conforme Silva, a implantação do projeto possui três etapas. A primeira delas, já em desenvolvimento, é a utilização de dois geradores movidos a H2V para abastecer eventos, obras e atividades que demandam energia constante por longo período. 

“O equipamento é de geração estacionária. Em vez de usar um combustível de energia fóssil, como o diesel, utilizamos o Hidrogênio Verde para produzir calor, água e eletricidade”, esclareceu. Trazidos da França, cada gerador custa R$ 2 milhões.

Nessa primeira fase, o investimento total previsto é de R$ 5 milhões, incluindo máquinas, custos de transição energética e de operacionalização. Em seguida, serão realizadas as pesquisas relacionadas às tecnologias adotadas. A última etapa totalizará R$ 50 milhões, com a instalação da usina no Cipp.

“No Pecém, é um projeto direcionado para equipamentos como esse. Nesse primeiro momento, utilizaremos o Hidrogênio Verde produzido no piloto do Cipp. Depois, teremos uma planta própria de 5 megawatt para a produção do H2V”, disse. 

Em julho deste ano, a Qair Brasil inaugurou um parque eólico e solar no município cearense de Trairi. O empreendimento é um projeto híbrido de energias renováveis, cujas fontes compartilham área e soluções elétricas, totalizando capacidade instalada de 429,4 MW.

Entenda como serão as três etapas até o início da produção de H2V

Fase 1: Geração estacionária de energia 100% limpa para eventos em Fortaleza (2 equipamentos trazidos da França);
Período: setembro de 2023 a setembro de 2024.

Fase 2: Projeto de pesquisa e desenvolvimento sobre as tecnologias adotadas, incluindo a eletrólise;
Período: janeiro a dezembro de 2024.

Fase 3: projeto piloto de H2V em planta de 5MW, no Pecém;
Período: início da operação em novembro de 2024.

Mercado de Hidrogênio Verde deve se concretizar em cinco anos no Ceará, diz presidente do Sindienergia 

O presidente do Sindienergia, Luís Carlos Queiroz, avaliou que o mercado de Hidrogênio Verde avançou com os pré-contratos assinados com as empresas interessadas em produzir o gás no Ceará. 

“São investimentos que requerem três, quatro, cinco, dez anos para fazer esse investimento, mas a coisa realmente já aconteceu e está acontecendo. Esperamos que, em cinco anos, já tenhamos essa realidade dentro do Ceará’”, disse. 

Para ele, o setor deve ganhar ainda mais fôlego com a regulamentação, ainda um entrave no Brasil. Neste ano, o  presidente da Comissão Mista sobre o Hidrogênio Verde (H2V) e senador Cid Gomes (PDT-CE) afirmou que a regulamentação do mercado desse combustível ocorrerá até o primeiro semestre de 2024. 

Entenda o papel do Hidrogênio Verde para a economia e para o meio ambiente

Hidrogênio Verde (H2V) é um gás já usado como fonte de energia para transportes e para a indústria. As duas formas mais consumidas desse elemento químico são a marrom (gerada por carvão) e a cinza (gerada por metano). Ambas são extremamente poluentes, mas tem uma terceira opção sustentável, que é o H2V.

Produzido somente a partir de fontes renováveis, o Hidrogênio Verde pode ser chave para descarbonização da economia. A geração via energia eólica, solar ou de biomassa garante um processo limpo para reduzir as emissões de gás carbônico de diversos setores econômicos que utilizam a substância. 

Diferenciando-se dos demais, portanto, por não utilizar combustíveis fósseis (não renováveis) na sua produção. Por esse motivo, o hidrogênio verde é considerado a “energia do futuro”, atraindo os olhares de diversos mercados, sobretudo, o externo. 

O Brasil, que possui grande capacidade tanto de geração de energia fotovoltaica como eólica em razão das condições climáticas, desponta com alto potencial para ser um exportador do H2V.