Com aumento na conta de luz, vale a pena investir em energia solar? Saiba quanto custa

Especialistas apontam que investimento "se paga" em quatro anos e meio

Acumulando os efeitos de pelo menos dois grandes reajustes em 2021, a conta de luz passou a pesar ainda mais no bolso do cearense. Diante do baque, o consumidor tem buscado ir além das dicas de uso eficiente de aparelhos elétricos e a instalação de sistemas fotovoltaicos em residências é uma alternativa cada vez mais palpável, avaliam especialistas.

Na avaliação do consultor de Energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará, Jurandir Picanço, os consumidores cada vez mais estão tomando consciência de que é possível custear o sistema fotovoltaico com o ganho que a ferramenta permite na conta de energia.

"Ele não vai ter esforço financeiro adicional porque o que vai pagar é o que ele está ganhando na conta", pontua Jurandir.

No fim do mês passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou um reajuste de 52% na bandeira vermelha 2 da conta de energia elétrica. Em abril, o órgão regulador aprovou o reajuste anual da distribuidora Enel Ceará, de em média 8,95%.

Para ele, mesmo com a incidência de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o uso do sistema de distribuição (TUSD), a alternativa de geração de energia ainda é vantajosa.

A máxima é reforçada pelo gerente comercial de uma distribuidora de sistemas fotovoltaicos, Mário Viana. "O que acontece é que um payback (tempo para que o investimento 'se pague'), que antes dessa cobrança de ICMS era de quatro anos, agora é de quatro anos e meio, então não inviabiliza", avalia Viana.

"Hoje, ter energia solar em casa está muito mais acessível. No começo, os equipamentos eram muito caros e hoje não", diz, acrescentando que os bancos oferecem linhas de crédito voltadas para a aquisição dos sistemas fotovoltaicos que facilitam a produção própria.

Valor e manutenção

De acordo com Viana, um sistema de cerca de R$ 13 mil em Fortaleza, dependendo das condições solares, consegue gerar 200KWh e a manutenção consiste basicamente em realizar a limpeza das placas. "A manutenção é mínima, porque não existem ali partes móveis", destaca Viana.

Ele também lembra que os sistemas fotovoltaicos apresentam uma perda de eficiência de geração, mas que ela é de cerca de 20% em 25 anos e que o cálculo do payback já considera a redução de eficiência.

Inviabilização

Jurandir lembra que existe uma proposta da Aneel para cobrança de um valor pelo uso da rede que seria mais elevado, podendo inviabilizar a geração própria. "Ficou em suspenso a aprovação da lei no Congresso, entrou várias vezes na pauta de votação e saiu".

"Isso cria uma instabilidade para o negócio, mas se as regras mudarem, isso não vai afetar quem já usava o sistema antes da legislação", explica Jurandir Picanço.

Geração distribuída

De acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar) atualizados até junho, o Ceará é o 9º estado brasileiro em geração distribuída, com potência instalada de 208,6 MW. O primeiro lugar no País é Minas Gerais, com 1,05 GW em potência instalada.

Entre os municípios brasileiros, Fortaleza é a sexta cidade do País em potência instalada, com 51,9 MW.

No Brasil, há 505,4 mil sistemas fotovoltaicos, sendo 75,2% residenciais; 15,2% do ramo de comércio e serviços e 7% fazem parte do meio rural. Os sistemas instalados em indústrias correspondem a 2,2%.