Apesar de ter encerrado o ano passado com uma queda na produção de 4,9%, a indústria cearense ainda é a que mais oferta empregos proporcionalmente à população no Nordeste. Em 2022, o setor gerou 29,6 empregos formais para cada mil habitantes.
Ao todo, mais de 260 mil pessoas trabalhavam na indústria, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que inclui nessa estatística a indústria da transformação, da construção civil, a extrativa, de energia e também saneamento.
O Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o Ceará alcançou uma população de 8,79 milhões.
A Bahia é o único estado da Região que possui mais pessoas empregadas na indústria que o Ceará: são 291 mil empregados formais. No entanto, quando se faz a relação do número de empregos com o tamanho da população, o estado baiano gera 20,6 postos de trabalho a cada mil habitantes.
O comparativo do número de empregos gerados com a população local gera um conceito conhecido como densidade industrial, um dos indicadores que medem o valor adicionado pela indústria em uma determinada região.
Depois do Ceará, o estado nordestino que possui a maior concentração de empregos na indústria proporcionalmente à população é Pernambuco, com 25,9 vagas formais a cada mil habitantes.
Confira o ranking do Nordeste
Apesar do destaque regional, o Ceará continua longe de estar nos holofotes da indústria nacional. Considerando todos os estados do País, o Ceará fica apenas na 11ª colocação.
Santa Catarina é o grande campeão de densidade industrial do Brasil, com 100,3 empregos a cada mil habitantes. Em números absolutos, o estado emprega 763 mil pessoas.
No geral, São Paulo é o grande empregador do segmento, com uma folha de 2,52 milhões de trabalhadores, mas também é a maior concentração de residentes, o que reduz a proporção. Dessa forma, possui 56,8 empregos industriais a cada mil habitantes, ocupando a quarta posição do País.
Na outra ponta, o Amapá é a unidade da federação em que a indústria emprega menos: são apenas 6,6 empregos para cada mil habitantes. Ao todo, o estado possui 4,9 mil pessoas trabalhando no segmento.
Perfil da Indústria
O analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Witalo Paiva, explica que o destaque do Ceará na geração de empregos relativa à população é explicada pelo perfil da indústria de transformação que há no Estado.
Esse segmento é o de maior relevância na atividade industrial cearense e o responsável pela maior geração de empregos. Isso porque a natureza das indústrias em questão demandam, independente do ciclo econômico, maior mão de obra, como a produção de alimentos, calçados e roupas.
"Se a gente olha bem, aquelas atividades principais, como calçados, alimentos, confecção, são indústrias intensivas em mão de obra. Por sua própria natureza de produção, elas usam muito o fator trabalho. Um ponto importante é que esse indicador confirma a relevância da indústria para o nosso Estado na geração de empregos, no estoque de emprego formal que o Estado possui, especialmente no interior, onde ela é relevante, especialmente no caso da indústria calçadista", avalia.
Paiva acrescenta, no entanto, que a relação do número de empregos com a população local sozinha não indica a competitividade e eficiência da indústria estadual. Para isso, ele aponta que é necessário olhar para a produtividade do operário industrial e também a geração de produto e de renda a partir da atividade industrial.
Apesar de ser uma medição ainda de 2020 e pode ter sido impactada pelos momentos de paralisação da atividade em função da pandemia do coronavírus, o trabalhador cearense da indústria produziu R$ 113.081 naquele ano.
O valor é 17,8% menos que cinco anos antes, conforme levantamento do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado Ceará (Fiec) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Também em 2020, a média nacional de produtividade do operário industrial foi de R$ 206.707. O resultado também registra queda em relação a cinco anos antes, mas de 3,9%.
O Observatório ainda demonstra que, em 2021, a média salarial dos trabalhadores do setor no Ceará foi de R$ 1.871, enquanto no Brasil esse valor foi de R$ 2.931, conforme informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Apesar da discrepância de rendimento, a média de estudos do trabalhador cearense é semelhante à do operário nacional: 11,0 e 11,2 anos de estudo, respectivamente. O dado sugere que o trabalhador cearense é tão capacitado quanto em outras regiões do País.