Às vésperas da Páscoa, pescadores e diversas pessoas foram flagradas, na manhã desta terça-feira (7), na Praia do Mucuripe, desrespeitando o decreto que proíbe aglomerações no Estado. Embora a venda de produtos essenciais, como alimentos, esteja liberada pelo governo do Estado, aglomerações são proibidas pelo documento, podendo gerar multa, além de medidas como apreensão, interdição e emprego de força policial.
Sobre o problema, o presidente da colônia de pescadores Z8, do Bairro Vicente Pinzón, Possidônio Soares, defende a categoria e afirma que os pescadores têm que sobreviver.
“O pescador tem que sobreviver. Não pode ficar em terra chegando ao ponto de não ter pelo menos R$ 1 no bolso para a sua família”, disse.
Ele reconheceu, entretanto, que o ideal seria que todos estivessem com máscaras.
“Se todos que estão aqui fazendo a feirinha, vendendo e comprando, tivessem máscaras, seria o ideal. Mas, infelizmente a nossa política de saúde do Brasil é péssima. É uma realidade”, criticou.
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Ainda sobre o decreto do governo que proíbe aglomerações, Possidônio afirmou ser consciente do problema e que respeita, por exemplo, o trabalho da polícia, que inclusive já dispersou as pessoas em outros dias. No entanto, o presidente da colônia de pescadores Z8, reforçou que o pescador precisa sobreviver.
“Já aconteceu aqui a polícia chegar e dispersar. Tudo bem a polícia faz o seu papel e nós entendemos. Mas [tem] essa coisa maior que é a realidade, a necessidade do pescador sobreviver. O governo está apontando para algumas categorias do Brasil que recebam R$ 600, mas isso até agora ainda não foi concretizado. Ainda está na mão do presidente da república e seus ministérios. O pescador não pode ser proibido de pescar porque é a sobrevivência que ele tem”, analisou.
Fiscalização
Sobre o comércio, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) afirmou por meio de nota que, o órgão realiza sistemáticas abordagens nas proximidades do Mercado dos Peixes, orientando os pescadores sobre a importância de manterem a distância de dois a três metros, para que evitem a aglomeração de pessoas.
Segundo a Agefis, o trabalho é realizado em conjunto com a polícia, responsável pela dispersão nesses casos.
A Agefins ressaltou ainda que, tem sido desenvolvido um trabalho socioeducativo com os pescadores que atuam na área, com informações sobre o descarte regular e os cuidados ambientais e de saúde. Diariamente, segundo o órgão, equipes de limpeza também reforçam os trabalhos de higienização do local.
Trabalho preventivo
Possidônio contou que a colônia dos pescadores faz sua parte. Já foram realizadas reuniões com pescadroes onde foi pedido para evitar o contato próximo e lembrou que a colônia está fechada há algumas semanas para evitar aglomerações.
“Isso aí existe. A nossa colônia faz a sua parte. Que é dizer se mantenha distância, use as máscaras quando possível. Se estiver ao seu alcance. Tanto que a colônia está fechada, não recebo ninguém. Se deixar a colônia aberta os pescadores, naturalmente, vão em busca de informações e isso vai dá aglomerações”.
Seguro-defeso
A boa notícia para os pescadores é que segundo Possidônio, o processo burocrático para o pescador que faz parte da colônia Z-8 receber o seguro-defeso deve ser concluído até a próxima sexta-feira (10).
O seguro-defeso é concedido durante períodos em que a pesca de determinadas espécies é proibida, como medida preventiva para proteger os organismos aquáticos em época de reprodução.
“Estamos concluindo daqui para sexta-feira todos os processos para quem tem direito esse seguro-defeso de cinco meses. Está sendo encaminhado já em alguns lá dentro. E sexta-feira iremos concluir”, reforçou.