Do dia 18 de janeiro até o último dia 15 de abril, o Ceará recebeu e distribuiu 2,2 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19. Desse total, 1,6 milhão, referente a 74,5%, foram só da CoronaVac, a vacina produzida pelo Instituto Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Mas, nas últimas três semanas, especialmente, o Estado enfrentou um desabastecimento da CoronaVac que atrasou a conclusão do esquema vacinal de milhares de pessoas que tomaram a primeira dose da vacina e precisavam tomar a segunda exatamente um mês depois.
Na última quinta-feira (29), o Diário do Nordeste publicou que pelo menos 15 municípios, incluindo Fortaleza, não tinham doses suficientes da CoronaVac para completar o esquema de imunização do grupo prioritário, o que gerou transtorno e frustração para centenas de idosos que chegaram a se deslocar para os postos de vacinação para receber os imunobiológicos.
Reabastecimento
Nos últimos dias, porém, chegaram ao Ceará em torno de 15,4 mil doses da CoronaVac. Doses, que, de acordo com a Secretaria da Saúde (Seduc), vão ser distribuídas prioritariamente a 26 municípios que solicitaram reforços para completar o esquema vacinal.
Fortaleza e Horizonte, dois desses municípios, receberam suas partes no fim de semana e continuaram a vacinação. Embora ainda não tenha concluído o processo, a Capital informou que vai iniciar em paralelo, nesta quarta-feira (5), a terceira etapa da campanha, que engloba pessoas com comorbidades, grávidas, puérperas e pessoas com deficiência permanente.
Icó, município com 93,23% da meta de cobertura da segunda dose (D2) concluída, segundo o Vacinômetro, foi um dos que também fizeram o apelo ao Estado e deve, nesta quarta-feira, receber as doses faltantes. Segundo o secretário municipal da Saúde, Marcos Barreto, a prefeitura só não interrompeu a vacinação porque estavam sendo aplicadas em D2 as doses guardadas para D1. “[As novas doses] chegaram em tempo hábil para não haver interrupção dessa fase”, disse.
Obstáculos
Para o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), o desabastecimento de vacinas é “preocupante”, haja vista “ a falta de orientações precisas e de um calendário de envio de lotes” pelo Ministério da Saúde, o que tem prejudicado o trabalho de gestores municipais.
O órgão também informou, em nota, que os 26 municípios que enviaram o ofício à Sesa tiveram suas demandas comunicadas ao Ministério da Saúde. “Outros municípios também terão suas necessidades atendidas com a falta de D2 a partir de novos relatórios que serão enviados à Sesa até o próximo dia 10 [de maio]”, assegurou.
Além disso, o Ministério Público do Ceará (MPCE) garantiu que está acompanhando o envio das doses de CoronaVac para os municípios e que está atento para que não ocorram irregularidades nessa distribuição.
Balanço de doses
De todas as doses que chegaram ao Estado até 15 de abril, 74,5% foram da CoronaVac e 25,4% foram da AstraZeneca/Fiocruz. Porém, apesar de a quantidade de AstraZeneca ser menor, não houve desabastecimento da vacina. Isso porque, diferentemente da CoronaVac, o intervalo entre primeira e segunda dose desse imunobiológico é de três meses, o que permite aos produtores e ao próprio Estado tempo hábil para garantir a chegada de mais frascos.
Nesta segunda-feira (3), o governador Camilo Santana (PT) informou que o Ceará recebeu 273,3 mil doses de vacinas, sendo 255,7 mil da AstraZeneca e a primeira remessa de 17,5 mil doses da Pfizer. As remessas foram enviadas nesta terça-feira (4) para as Áreas Descentralizadas de Saúde (ADS) do Estado junto às da CoronaVac e aguardam que os municípios busquem suas partes.