Planta rasteira e comestível, a beldroega é bastante comum no Brasil e em países de clima quente, e facilmente encontrada em qualquer tipo de solo, especialmente quando úmido. Sua origem é da Ásia, onde já era usada por suas propriedades medicinais e alimentares milênios atrás.
Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), trata-se de uma hortaliça herbácea anual, da família Portulacaceae, com folhas simples, suculentas e espessas.
A espécie é selvagem e considerada uma erva daninha. No Brasil, é facilmente vista em jardins, terrenos baldios, hortas e em cultivados. Por ser de fácil propagação, também cresce em calçadas, cantos de muros, fazendo com que muitas pessoas a chamem de "mato".
Como identificar a planta?
Para identificar a planta, o engenheiro agrônomo Narciso Ferreira Mota destaca suas principais características. Entre elas, possuir folhas pequenas e carnudas, ovais e de um verde brilhante, com pequenas flores amarelas.
Os caules são na cor roxo-amarronzados e a planta cresce, rastejando pelo chão.
Tipos de beldroega
Conforme Narciso, existem dois tipos de beldroega: a Portulaca oleracea, com folhas de pontas arredondadas e flores amarelas e isoladas nas pontas dos ramos; e a Portulaca umbratícola, com flores de maior tamanho, variando nas cores branca, vermelha e em vários tons de rosa. Ambas são comestíveis.
Diferença entre beldroega e onze-horas?
O principal detalhe para diferenciar a beldroega da planta onze-horas (Portulaca grandiflora) é a característica das folhas, segundo explica o engenheiro agrônomo.
As folhas da beldroega são chatinhas e bem ovuladas, enquanto a onze-horas tem folhas fininhas e compridas, igual a dedinhos. Outra diferença é que a onze-horas não é comestível.
Benefícios da beldroega
Apesar de passar despercebida por muita gente, a beldroega é considerada uma importante planta medicinal, com usos terapêuticos já consagrados no Brasil. Ainda conforme Narciso Mota, a beldroega tem propriedades diurética, emoliente, emenagoga, laxante e anti-inflamatória.
A herbácea é rica em substâncias como ômega 3, vitamina A, B, C, e minerais como magnésio, cálcio, potássio e ferro. É rica também em glicose, frutose e sacarose.
Inflamações e queimaduras
Quando usadas sobre inflamações, queimaduras, eczemas, erisipelas e queda de cabelo, o suco das folhas da beldroega age como emoliente e de forma resolutiva.
É antioftálmica
A polpa da beldroega é antioftálmica, vulnerária e vermífuga. A planta é, ainda, um remédio eficaz nas afecções do fígado, bexiga e rins, e apresenta bom resultado contra o escorbuto, doença causada por uma grave deficiência de vitamina C na dieta.
Trata doenças da bexiga
Também eficaz no tratamento de doenças da bexiga, colesterol, olhos, rins e vias urinárias, a beldroega age como um remédio diurético, laxativo (vermes), anti-inflamatório e ainda estanca o sangue de hemorragias gengivais.
Como cultivar a beldroega
O plantio da beldroega, conforme Narciso Mota, é por sementes, seja no solo ou em vasos. Se o semeio for feito em saquinhos para mudas ou copinhos de papel, a planta deve ser transplantada quando as mudas tiverem de quatro a seis folhas verdadeiras.
As sementes devem ser cobertas apenas por uma leve camada de terra peneirada ou de serragem fina, segundo ele.
"O espaçamento recomendado varia de 30 a 80 cm entre as linhas de plantio e de 25 a 40 cm entre as plantas, dependendo do porte da variedade cultivada e das condições de cultivo", explica.
Conforme a Embrapa, o semeio deve ser realizado em canteiros semelhantes aos utilizados para alface, com solos leves, bem drenados e ricos em matéria orgânica. A planta pode ser cultivada o ano inteiro, e na ausência de chuvas, deve-se irrigar duas vezes por semana.
Como consumir
As folhas da planta são consumidas cruas ou em sopas, tortas salgadas, em saladas e bolinhos. Segundo a Embrapa, os ramos suculentos devem ser bem lavados e higienizados após a colheita, colocados em embalagens plásticas, e armazenados sob refrigeração por até uma semana.
Segundo acrescenta Narciso Mota, as folhas ricas em mucilagem possuem sabor levemente ácido e salgado, podendo ser combinada com tomate-cereja e pepino, quando usadas em saladas variadas.
*Narciso Ferreira Mota é engenheiro agrônomo, especialista em Agroecologia, e servidor técnico administrativo da Universidade Federal do Ceará (UFC).