O processo de plágio movido pelo músico Toninho Geraes contra a cantora Adele ganhou um novo capítulo. A defesa da cantora Adele e da Sony Music solicitou à Justiça do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (7), um depósito de R$ 1 milhão aos autores para cobrir os prejuízos da decisão liminar que pede a retirada da canção "Million Years Ago" das plataformas digitais. As informações são da Folha de S. Paulo.
De acordo com a sentença, emitida no último dia 15 de dezembro, a canção só pode ser reproduzida e comercializada, tanto no Brasil quanto no exterior, com autorização do compositor brasileiro Toninho Geraes. Na ação, ingressada pelo compositor em fevereiro deste ano, Adele é acusada de plagiar a canção "Mulheres", popularizada por Martinho da Vila.
O advogado de Toninho Geraes, Fredímio Trotta, afirmou à publicação que o pedido de caução dos réus é uma "cortina de fumaça e de intimidação", e que o músico vai rebater a medida.
"Eles peticionam com dois objetivos evidentes, lançar uma cortina de fumaça para desviar o foco da falsidade e, ao mesmo tempo, tentar intimidar o autor para que o mesmo esmoreça", contou o advogado.
Fredímio Trotta disse ainda que a defesa de Adele usa "golpes baixos contra a saúde frágil do compositor", e que ele teria sofrido um episódio de hipertensão durante uma das audiências do caso.
Para o advogado, o pedido é "moralmente perverso e juridicamente descabido". "Vamos rebater, naturalmente, mais esse expediente malicioso também no processo", enfatizou.
Em fevereiro do ano passado, Toninho Geraes protocolou um processo contra a cantora, pedindo R$ 1 milhão de indenização por plágio. Na ação, é pedido também os direitos autorais da música, com juros e correção monetária.
Consonância melódica
O juiz Victor Agustin Cunha, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, afirmou na sentença que "Million Years Ago", lançada por Adele em 2015, tem forte indício "da quase integral consonância melódica" com "Mulheres", composta por Geraes.
Para embasar a decisão, o magistrado recorreu a análises de especialistas e à sobreposição das duas melodias, que evidenciou "indisfarçável simetria" entre as faixas.
Antes de entrar com o processo, Toninho tentou um acordo extrajudicial com Adele, mas ela não se manifestou, segundo disse à Folha o advogado do compositor, Fredímio Trotta. Além disso, as gravadoras disseram não ter responsabilidade sobre a composição da obra, apenas sobre a distribuição.
Trotta afirma, no entanto, que as empresas têm de ser responsabilizadas porque também lucraram com o suposto plágio, ainda que possam não ter tido a intenção.