A morte trágica de Marília Mendonça, que completa um mês neste domingo (5), ainda continua sendo apurada pela Polícia Civil. Uma das linhas de investigação é a possibilidade da queda da aeronave ter sido causada pela colisão contra linhas de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Esta, no entanto, ainda não prestou depoimento.
O acidente ocorreu na tarde do dia 5 de novembro, em Caratinga, na Região do Vale do Rio Doce de Minas Gerais (MG). A cantora sertaneja estava a caminho de um show, o segundo após o retorno aos palcos. Além dela, morreram o piloto, Geraldo Medeiros; o copiloto, Tarciso Viana; o produtor Henrique Ribeiro; e o tio e assessor dela Abicieli Silveira Dias Filho.
Segundo o delegado Ivan Lopes Sales, a investigação trabalha principalmente com a hipótese de que as linhas de distribuição de uma torre da Cemig provocaram a queda do avião. "A gente avançou com essa oitiva. Não descartamos nenhuma possibilidade. Mas há fortes indícios que as linhas de transmissão teriam sido as causadoras do acidente", afirmou em coletiva de imprensa no último dia 25 de novembro.
Sem apresentar novos detalhes, a Polícia Civil disse nessa sexta-feira (3) que a "a investigação encontra-se em andamento e mais informações serão repassadas após a conclusão do inquérito policial".
A Cemig, por sua vez, declarou em nota que "nenhum representante da Companhia foi chamado para prestar depoimento" e reiterou que a linha de distribuição atingida pela aeronave está fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga.
"Reiteramos que a Cemig segue rigorosamente as Normas Técnicas Brasileiras e a regulamentação em vigor em todos os seus projetos. A sinalização por meio de esferas na cor laranja é exigida para torres em situações específicas, entre elas estar dentro de uma zona de proteção de aeródromos, o que não é o caso da torre que teve seu cabo atingido", complementou a companhia.
Cenipa investiga acidente
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também não antecipou novas informações sobre o andamento das apurações, cujo objetivo é "prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram".
Contudo, o órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) salientou que conclusão das investigações "terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes".
Os motores da aeronave estão em São José da Lapa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde passam por análise para ajudar a Polícia Civil a determinar responsabilidade criminal pelo acidente.
Sigilo no MPF
O Ministério Público Federal (MPF) em Minas Gerais instaurou procedimento um dia após o acidente aéreo para acompanhar as investigações. O órgão requisitou o relatório final da ocorrência ao Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa) para analisar a adoção de medidas de segurança.
Por meio de nova nota, o MPF apenas comunicou que o procedimento "corre sob sigilo".
Causa das mortes
Marília Mendonça e os demais tripulantes do avião morreram de politraumatismo contuso, segundo médico-legista Thales Bittencourt de Barcelos. Isso quer dizer que as vítimas morreram em consequência do choque da aeronave com o solo.
Ainda conforme o médico, foi coletado material para exames complementares com o intuito de "identificar outras causas que poderiam concorrer de alguma forma com o óbito": exames toxicológicos, de teor alcoólico e anatopatológicos. Porém, todos esses exames deram negativo.