Escolinha de futebol, curso de inglês, reforço escolar, aulas de violão e de balé clássico. Por meio de atividades culturais e educativas disponibilizadas de forma gratuita, o projeto Semear leva arte para cerca de 150 jovens do bairro Araturi, em Caucaia. O objetivo é buscar apresentar outras possibilidades de caminhos para o futuro.
Organizado pela Associação Comunitária de Moradores de Caucaia, o projeto funciona no Condomínio José Lino da Silveira, que concentra cerca de 10 mil moradores num dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina, conforme aponta o presidente da associação, Sandro Marcelo, 38 anos.
Há mais de quatro anos trabalhando com projetos sociais voltados para crianças, Marcelo viu a urgência dessas atividades após a susensão das aulas presenciais. Em meio à pandemia, eles buscaram organizar atividades que garantisse também uma ocupação para os jovens, com recebimento de certificados.
Muitas crianças não sabiam ler e escrever, não sabiam o alfabeto. Hoje já estão aprendendo. Essa área era uma área de violência, mas nós estamos mudando a imagem ruim e dando outras possibilidades de futuro às crianças.
Realizando o sonho de aprender balé
No caso da moradora do condomínio José Lino da Silveira, Elisângela da Silva Monteiro Martins, 47 anos, a oferta das aulas gratuitas de balé trouxe mudanças diretas na rotina de sua filha Ana Clara, 5 anos.
Após Ana Clara ser diagnosticada com Osteogênese Imperfeita (OI), doença que torna os ossos frágeis, a mãe descobriu ser necessária a prática de atividades físicas de fortalecimento. No entanto, Elisângela não tinha condições de pagar por cursos.
Eu só tenho a agradecer pelas aulas dadas pelo projeto e isso tem sido muito bom para ela, até as dores ósseas diminuíram.
Tendo duas aulas por semana desde há mais de um mês, notou a alegria da filha por estar participando do projeto e recebendo atenção cuidadosa dos professores.
“As crianças ficaram muito ociosas por conta da pandemia, agora não estão mais. Além de estar bem fisicamente, a Ana também está alegre por estar realizando um sonho que queria muito”, conclui.
Devolvendo conhecimento recebidos
Para a professora das crianças, Kamila Alencar, 20 anos, é com alegria que transmite um pouco dos seus conhecimentos de balé às jovens participantes. Tendo começado a praticar a dança aos 13 anos por meio de uma associação em Fortaleza, entende a importância do acesso à arte na vida das crianças.
É gratificante poder fazer pelas crianças o que fizendo por mim um dia. O impacto que espero deixar é o amor pela arte, pela dança.
Entendendo como direito o acesso à prática de esportes, se sente realizada ao dar aulas todo sábado de manhã. Após perceber as mudanças em sua trajetória por conta do balé, espera deixar o impacto dessa dança na vida das crianças.
“Talvez um dia lá na frente vão olhar ‘hoje eu sou melhor porque um dia alguém me ensinou a fazer isso’, assim como eu digo hoje sou melhor porque algum dia alguém me ensinou que eu poderia aproveitar a vida de uma maneira incrível”, finaliza.
Para contribuir com o projeto
Para ampliar o atendimento dos jovens no bairro, Marcelo aponta ser essencial o apoio da sociedade nesse processo.
Para contribuir, desde a doação de suco até alguma quantia em dinheiro, basta entrar em contato com o projeto por meio do Instagram @associacao.semear.