‘Queremos um (novo) empreendimento com a mesma envergadura', diz proprietário do Edifício São Pedro

Integrante da família que detém 65% do imóvel, Philomeno Gomes Júnior, conta que ainda há impasses entre os donos e avalia o momento como “recomeço” para aquela localização

A demolição do icônico Edifício São Pedro, na Praia de Iracema, que teve início nesta terça-feira (5) e deve ser concluída em 90 dias, em uma ação da Prefeitura de Fortaleza, traz um desfecho para a estrutura que agonizou por anos e, em paralelo, mobiliza inúmeros debates, dentre outros, sobre as responsabilidades diante do comprometimento do prédio, a eficácia e a repercussão da solução adotada e o futuro do local.

No dia em que o São Pedro começa a “deixar de existir” fisicamente, muitas são as indagações: o que será feito naquela área da Praia de Iracema? Já há um novo projeto? A quem pertencerá e como será?  

Questionamentos feitos também pelo Diário do Nordeste, nesta terça-feira, a um dos integrantes da família que detém 65% da edificação, Francisco Philomeno Gomes Júnior. Mas tais perguntas, por ora, ainda não obtiveram respostas diretas e conclusivas por parte dos atuais donos.

De acordo com Philomeno Júnior, uma das certezas é que na análise do que poderá ser edificado no lugar do São Pedro há uma demanda: “tentar realmente desenvolver um (novo) empreendimento que tenha a mesma envergadura, representatividade que o São Pedro teve. Será um recomeço para aquela localização”.

O empresário não detalhou nenhum projeto para o local, muito embora se saiba que a área é cobiçada por construtoras e tem potencial para empreendimentos de distintos usos e perfis. Segundo Philomeno Júnior, com o início da demolição o momento agora é “acalmar” e “consolidar um pouco melhor os entendimentos, vê o quê que cabe aí com as novas leis do Plano Diretor para a Praia de Iracema”, completa. 

Venda do local

Um consenso, segundo ele, é o entendimento sobre a venda do local. “Na época que a gente propôs o projeto de recuperação (em 2015, foi apresentada uma proposta de construção de uma torre de 97 metros no “miolo” do imóvel com a manutenção da estrutura externa) e deu todo aquele impasse, já se tinha um entendimento majoritário dos proprietários da ideia de venda, inclusive de um comprar o do outro”, afirma ele. 

Contudo, segundo o empresário, “quando vai para a parte legal, de ter que pagar, inclusive a demolição, aí já uma seara um pouco mais complexa. Alguns (proprietários) moram aqui, outros não. Alguns têm condições e outros não, e acaba gerando um impasse. E diante desse impasse a Prefeitura está entendendo que não vale o risco para a cidade”. 

Questionado sobre quais são as construtoras que já demonstraram interesse em comprar a área da edificação ou apresentaram projetos para o terreno, ele não informou. Disse apenas que os proprietários “estão cumprindo o passo a passo”.

“Primeiro venceu uma etapa para consolidar outra. Vamos promover esse acordo com a Prefeitura para daí então atualizar o que pode ser feito lá e como realmente dá para proceder. Até porque não teria mais risco para a sociedade o prédio não estando mais lá”, completou. 

A área na qual o Edifício São Pedro se localiza, ressaltou ele: “precisa de uma resposta para que fique a altura e valorize o imóvel de quem está ao redor e as coisas passem a ter uma vida melhor na Praia de Iracema. O pior cenário é continuar como estava”. 

Decisão de demolir

De acordo com Philomeno, a Prefeitura vem tratando com os proprietários há algum tempo, mas ainda falta “o entendimento final”. As chuvas no mês de fevereiro, relata ele, contribuíram para a decisão de demolir tendo em vista que acentuaram as condições de risco no local. 

“Temos um risco sério lá de desabamento e a Prefeitura está tomando a iniciativa de demolir porque os outros proprietários, tem gente que mora fora, gera uma certa dificuldade de definir”, afirma. 

Conforme o empresário, os Philomeno Gomes detêm cerca de 65% do empreendimento, outros 25% são de um proprietário único, português que atua no ramo da hotelaria tem sociedade com os Philomeno Gomes e restante, cerca de 7 unidades, pertence a proprietários individuais.  

Os donos do São Pedro, segundo ele, tiveram uma reunião nesta terça-feira com a Prefeitura e terão outra na próxima semana. “Está em andamento essa questão da negociação das responsabilidades. Ainda estamos finalizando”. 

Sobre o valor de cerca R$ 1,7 milhão que a Prefeitura pagará pela demolição e espera receber dos proprietários, ele diz que está dentro daquilo que é praticado no mercado. Mas, reforça que ainda não está definido como os proprietários irão pagar, nem como será a divisão desse custo.