Presa sob a suspeita de envenenar dois irmãos de oito e sete anos em Parnaíba, no litoral do Piauí, Lucélia Maria da Conceição Silva foi posta em liberdade na última segunda-feira (13), após cinco meses na Penitenciária Feminina de Teresina.
Em entrevista à TV Clube, afiliada piauiense da TV Globo, a mulher de 53 anos ressaltou estar aliviada com a liberação e que voltou a morar em Parnaíba. "Com fé em Deus, vou viver a vida tranquila. A vida que eu tinha antes, né? Com minha família", desabafou.
Lucélia Maria foi presa em flagrante em 23 de agosto do ano passado, dois dias após os irmãos serem hospitalizados. Ela era suspeita de ter entregado um saco com cajus envenenados às crianças. Por conta do caso, ela chegou a ter a casa depredada e incendiada, além de ser alvo de uma tentativa de linchamento.
No entanto, um laudo pericial descartou a possibilidade dela ter participado do crime, pois não foi constatada a presença de terbufós – substância tóxica semelhante ao chumbinho – nas frutas. Ela também reforçou que não deu os cajus aos meninos, nem conhecia a família das vítimas.
"Nunca mais eu dormi. Desde que isso aconteceu na minha vida eu não consegui mais dormir direito. Um pesadelo que ainda hoje está na minha cabeça ainda", confidenciou.
Conforme declarou o advogado de Lucélia, Sammai Cavalcante, ela foi solta por meio de uma medida cautelar de liberdade provisória, mas ainda não foi inocentada – medida que é apoiada pela defesa –, e ainda deve responder ao processo.
NOVO SUSPEITO
Além da reviravolta a partir do novo laudo, Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso em 8 de janeiro e se tornou o principal suspeito do crime. Ele era padrasto da mãe das crianças, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, e de Manoel Leonardo da Silva, de 18 anos, que também foram vítimas de envenenamento, mas no Réveillon.
O homem está entre os sobreviventes que ingeriram um baião de dois contaminado, na quarta-feira (1º). Além dele, há uma menina de quatro anos, internada em estado grave em Teresina, um menino de 11 anos, um adolescente de 17 anos e uma vizinha da família, Maria Jocilene da Silva, que receberam alta.
Francisca e Leonardo da Silva morreram em decorrência do veneno encontrado no alimento. Os dois filhos da mulher, Igno Davi da Silva e Lauane da Silva também não resistiram à intoxicação.
A perícia do Instituto de Medicina Legal (IML) encontrou "terbufós" no baião de dois. A partir do laudo da instituição, a Polícia Civil começou a investigar o caso como homicídio.
RELEMBRE O CASO
Na noite de Réveillon, os membros da família comemoraram a passagem de ano com uma ceia, com carne, feijão-tropeiro e baião de dois. Quando todos comeram e as comemorações acabaram, eles se retiraram para dormir.
No dia seguinte, um casal que trabalha com doações de alimentos entregou à família peixes que também haviam sido distribuídos na região. Assim, a família fritou os peixes e reaproveitou o que sobrou da comida da noite anterior. Pouco tempo depois, todos se sentiram mal.
A polícia segue investigando o caso, em busca de descobrir quem cometeu o crime. Segundo o diretor do IML ao g1, o veneno foi colocado em grande quantidade no baião, com grânulos visíveis no arroz. Já no peixe doado nada foi encontrado, e o casal que fez a doação deixou de ser considerado suspeito pela Polícia.
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