Ricardo Salles classifica operação da Polícia Federal como 'exagerada e desnecessária'

O Ministro do Meio Ambiente é alvo de uma investigação que apura um esquema de exportação ilegal de madeira para os EUA

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles
Legenda: Salles disse que, desde o início da sua gestão, "atua sempre com bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal" do setor
Foto: divulgação

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou nesta quarta-feira (19) que ficou "surpreso" com a operação da Polícia Federal, que apura um esquema de exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e a Europa. O gestor classificou a iniciativa, da qual é alvo, como "exagerada e desnecessária"

"Faço aqui uma manifestação de surpresa com essa operação que eu entendo [ser] exagerada, desnecessária. Até porque todos, não só o ministro, como todos os demais que foram citados e foram incluídos nessa legislação tiveram sempre à disposição pra esclarecer quaisquer questões", disse o ministro durante um seminário realizado em Brasília, nesta manhã.  

Salles continuo dizendo que, "entendemos que esse inquérito [...] foi instruído de uma forma que acabou levando o ministro relator, induzindo o ministro relator [Alexandre de Moraes] a erro, induzindo que teria havido uma ação concatenada de agentes do Ibama e de Ministério do Meio Ambiente para favorecer ou para fazer o destravamento indevido do que quer seja", declarou o gestor do Meio Ambiente, reafirmando que "essas ações jamais, repito, jamais aconteceram". 

O ministro disse que a pasta e o Ibama sempre procuram agir conforme as regras e que isso ficará demonstrado nos autos do inquérito, conforme forem instruídos. "Então, estou à disposição aqui. A Polícia Federal foi ao Ministério do Meio Ambiente. Eu fui lá, encontrei o delegado. Soube que também estiveram em outros locais. Agora, essas medidas são desnecessárias, na medida em que o ministério e todos os funcionários poderiam ter ido, se chamados para a Polícia Federal".  

Salles disse ainda que explicou o episódio ao presidente Jair Bolsonaro e que, em sua opinião, "não há substância em nenhuma das acusações" incluídas no inquérito.  

"Embora eu não conheça os autos, já sei qual é o assunto que se trata. Me parece que esse é um assunto que vai ser esclarecido com muita rapidez, porque, efetivamente, tanto como eu já disse, o ministério, quanto o Ibama, agem de acordo com a lei e de acordo com as melhores regras." 

 
Em relação às denúncias feitas pelos Estados Unidos a respeito de recebimento de madeira ilegal, o ministro afirmou que se trata de uma carga que, "aparentemente, até onde eu sei, [...] foi uma carga que foi exportada e quando chegou aos Estados Unidos, eles pediram documentos que não constavam, mas a presidência do Ibama entendeu, analisando o caso concreto, que a regra que estava sendo invocada era uma regra que já deveria, naquela altura, ter sido alterada. Dessa forma técnica, aparentemente agiu".  

Operação Akuanduba 

A Polícia Federal realizou buscas contra Salles, nesta quarta-feira, em endereços residenciais do ministro em São Paulo, no endereço funcional em Brasília e também no gabinete que ele montou no Pará. Ao todo, a ofensiva deflagrada cumpre 35 mandados de busca e apreensão. 


 
A operação investiga crimes contra a Administração Pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.  

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