O policial militar Guilherme Augusto Macedo, que atirou à queima-roupa contra o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, na última quarta-feira (20), em São Paulo, foi indiciado por homicídio doloso — quando há intenção de matar — em Inquérito Policial Militar (IPM), informou a Secretaria da Segurança Pública (SSP). As câmeras corporais usadas pelo suspeito e o colega dele registraram a ocorrência.
O estudante foi assassinado com disparo de arma de fogo efetuado pelo agente de segurança durante abordagem policial. A ocorrência foi por volta das 2h50, na escadaria de um hotel na Rua Cubatão, na Vila Mariana, zona sul da capital paulista.
O autor do disparo e também o segundo policial militar que participou da ocorrência prestaram depoimento e permanecerão afastados das atividades operacionais até a conclusão das apurações.
“Toda a conduta dos agentes é investigada. As imagens das câmeras corporais que registraram o fato serão anexadas aos inquéritos conduzidos pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)”, disse, em nota, a SSP.
Em rede social, o governador de SP, Tarcísio de Freitas, lamentou a morte de Marco Aurélio. “Essa não é a conduta que a Polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, é a Polícia mais preparada do País e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos”, disse o governador.
Polícia mais letal
O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Claudio Silva, avalia, no entanto, que há um retrocesso em todas as áreas da segurança pública no Estado. Segundo ele, discursos de autoridades do estado que validam uma polícia mais letal, enfraquecimento dos organismos de controle interno da tropa e descaracterização da política de câmeras corporais são alguns dos elementos que impactam negativamente a segurança no estado.
O número de pessoas mortas por policiais militares em serviço aumentou 84,3% este ano — de janeiro a novembro — na comparação com o mesmo período do ano passado, subindo de 313 para 577 vítimas, segundo dados divulgados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), até 17 de novembro.
O Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp) do MPSP faz o controle externo da atividade policial e divulga dados decorrentes de intervenção policial. As informações são repassadas diretamente pelas polícias civil e militar à promotoria, conforme determinações legais e resolução da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP).