O médico citado por Pablo Marçal numa postagem em que o coach rebate críticas sobre a morte de Bruno Teixeira enviou uma carta à família da vítima e negou ter falado sobre a saúde do rapaz. As informações são do Extra.
Bruno, de 26 anos, morreu no começo de junho ao participar de "maratona surpresa" organizada pelo grupo de Pablo.
Segundo o cardiologista Marcelo Sampaio, a entrevista concedida por ele à RecordTV foi para falar sobre "condições que podem levar à morte súbita, de acordo com a literatura médica internacional".
"Declaro que não atendi e não conheço o histórico médico do Sr. Bruno Teixeira", disse o profissional na carta, em que expressa solidariedade pela "perda repentina". "Desculpo-me por qualquer mal-entendido causado pela entrevista concedida, que foi ao ar em 25 de junho".
A entrevista do médico foi citada por Pablo Marçal em um comentário feito em publicação do portal R7, em que o coach se defendeu das acusações de ter promovido ou apoiado a corrida. "Inclusive o falecido nem chegou a percorrer 15 km. Ninguém morre correndo. O médico entrevistado pelo Domingo Espetacular disse claramente que ele tinha uma doença pré-existente".
A família de Bruno criticou a fala do coach e negou que ele tivesse uma doença pré-existente. Luciano Teixeira, irmão do jovem, afirmou que Bruno sempre foi "totalmente saudável", mas não estava preparado nem bem alimentado para correr 42 km num desafio de última hora, após um dia de trabalho.
'Marketing com a desgraça'
Marçal tem usado as redes sociais para rebater críticas em meio à investigação sobre a morte de Bruno. A família da vítima tem condenado as "homenagens" póstumas feitas pelo coach — que chegou a escrever o nome de Bruno em um de seus tênis de corrida — e o acusou de fazer "marketing com a desgraça".
"Tentando fazer marketing em cima da desgraça da minha família de perder meu irmão caçula, sem noção nenhuma. Eu não acredito que ele não saiba o que se passa dentro da plataforma dele. Difícil acreditar, né? Eles não estão entrando mais em contato. Acredito que agora sabem o nosso ponto de vista", concluiu Luciano.
Entenda o caso
Bruno passou mal no 15º km da corrida organizada pela empresa XGrow, por volta das 22h, em São Paulo. Pouco antes da maratona, a vítima chegou a gravar um vídeo no qual revelava uma mudança repentina na distância da prova, sem o conhecimento prévio dos corredores, de 21 km para 42 km.
O caso é investigado na Polícia Civil de São Paulo como "morte suspeita".
O desafio repentino de correr uma maratona foi dado poucos dias após Pablo Marçal, criador da empresa, ter feito um vídeo se gabando de já ter completado uma corrida de 42 km. "Minha mãe não é mãe de fraco. Meu pai não é pai de otário. Minha vó não é vó de trouxa", disse o coach.
A irmã de Bruno contou ao O Globo que ele chegou a ser alertado no dia da corrida para os riscos de participar de uma competição sem os devidos cuidados com a saúde. "Com essa cultura [de coach], não pode pedir desculpas, não pode ficar atrás, tem que olhar para o alvo, seguir em frente. O Bruno estava nessa 'pira' de seguir, nessa mentalidade 'anti-frágil' e ignorou o formigamento no pé", disse Clara Teixeira, irmã da vítima.