Empregada diz que Henry Borel saiu com 'cara de apavorado' após ficar trancado com Dr. Jairinho

Leila Rosângela de Souza prestou um novo depoimento à Polícia e contou novas informações sobre o caso

A empregada doméstica da professora Monique Medeiros e do médico e vereador carioca Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), prestou um novo depoimento à Polícia nesta quarta-feira (14). Leila Rosângela de Souza confirmou as declarações da babá, Thayná Oliveira, de que Henry Borel, de 4 anos, ficou trancado no quarto com padastro, saiu mancando e com "cara de apavorado" em 12 de fevereiro. 

Na primeira vez em que foi ouvida pela Polícia, ela afirmou que Henry e Jairinho não costumavam ficar sozinhos no mesmo cômodo. Ao ser questionada por que não contou as novas informações no primeiro encontro com os investigadores, Leila Rosângela de Souza justificou dizendo que, antes, não se lembrava dos fatos, mas negou ter problema de memória. As informações são do portal G1. 

A funcionária relatou aos policiais que, após Henry deixar o quarto, ouviu Thayná Oliveira o perguntar por que estava mancando e o menino respondeu que havia caído da cama e que o joelho estava doendo, além de também ouvir o menino dizer que estava com dor na região da cabeça e pediu que a babá não penteasse o seu cabelo. 

No novo depoimento, a empregada doméstica disse que não ouviu barulho vindo do quarto em que estavam o menino e o padastro, pois ficava boa parte do expediente na cozinha. 

A versão difere da relatada pela babá em mensagens enviadas para Monique no dia 12 de fevereiro. Thayná Oliveira escreveu que Henry gritou "tia" após entrar no cômodo com Jairinho. Mas depois não ouviu mais a voz dos dois, apenas o barulho da televisão

Leila Rosângela de Souza contou que percebeu que a porta do quarto do casal estava trancada quando foi ao closet guardar roupas.

Comportamento não usual 

No dia das supostas agressões, Henry teria sido receptivo com Jairinho, quando ele chegou ao apartamento. Segundo a funcionária disse à Polícia, assim que o vereador entrou no imóvel, o menino saiu correndo do sofá, pulou em seu colo e o abraçou

Leila Rosângela de Souza estranhou o comportamento do garoto, pois essa foi a primeira vez que presenciou tal gesto.

Criança ansiosa 

Conforme as novas informações relatadas pela empregada doméstica, o casal tomava muitos remédios e Monique também dava medicação para Henry três vezes por dia porque ele era muito ansioso, além de xarope de maracujá. Em justificativa, a professora teria dito a Leila Rosângela de Souza que dava medicamentos para filho porque ele não dormia direito e passava muito tempo acordado.

No depoimento, a funcionária ainda detalha que o menino "chorava o tempo todo" e vomitava ocasionalmente, mas que ela não sabe a razão dos vômitos. 

No dia seguinte ao episódio do quarto, em 13 de fevereiro, o casal viajou sozinho para uma casa de praia no litoral do Rio de Janeiro. A ocasião se tratava do feriado de Carnaval, e a babá disse à Polícia que Henry foi levado até o local no último dia, entretanto, a empregada doméstica contou uma versão diferente. 

No depoimento de Leila Rosângela de Souza, ela relata que no domingo, 14 de fevereiro, entrou em contato com Monique para saber quando deveria voltar ao apartamento para trabalhar. Ao responder, a mãe do menino disse que quase voltou de viagem no dia anterior, ou seja, no sábado, 13 de fevereiro, porque "Henry teve um surto com Jairinho". Segundo contou, Monique afirmou que "foi a maior discussão", mas ela conseguiu acalmá-lo e, portanto, ficaria até a segunda-feira, 15 de fevereiro. 

MORTE DE HENRY 

Henry Borel morreu na madrugada de 8 de março, no apartamento em que vivia com Monique e Dr. Jairinho, na Barra da Tijuca. Segundo as investigações, ele era agredido pelo vereador com bandas, chutes e pancadas na cabeça. Monique tinha conhecimento da violência desde o dia 12 de fevereiro, pelo menos. 

Henry foi levado pela mãe e pelo padrasto ao hospital Barra D'Or na madrugada de 8 de março e já chegou à unidade sem vida.

O laudo hospitalar sobre o corpo concluiu que a criança apresentava as seguintes condições:  

  • múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores; 
  • infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, na região parietal direita e occipital, ou seja, na parte da frente, lateral e posterior da cabeça; 
  • edemas no encéfalo; 
  • grande quantidade de sangue no abdome; 
  • contusão no rim à direita; 
  • trauma com contusão pulmonar; 
  • laceração hepática (no fígado); 
  • e hemorragia retroperitoneal.

Os investigadores afirmam que Henry foi assassinado com emprego de tortura e sem chance de defesa. O inquérito aponta que a criança chegou à casa da mãe por volta de 19h20 de 7 de março, um domingo, após passar o fim de semana com o pai. 

Monique e Jairinho foram presos no dia 8 de abril no Rio de Janeiro. Eles devem ser indiciados pela polícia por homicídio duplamente qualificado. O casal foi detido por policiais da 16ª DP, da Barra da Tijuca, após a juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal do Júri da Capital, expedir mandados de prisão temporária por 30 dias.