As modificações na BMW em que quatro jovens morreram em Santa Catarina não foram realizadas na oficina localizada em Aparecida de Goiânia, conforme informou o advogado do local. O dono do estabelecimento foi intimado para prestar depoimento nesta segunda-feira (15). As informações são do g1.
O serviço foi realizado de forma terceirizada, rebatando a tese da polícia, que a peça tenha sido instalada de forma caseira. Em junho de 2023, uma peça chamada downpipe, que aumenta o ronco do motor, foi colocada no carro. O veículo também teve alterações realizadas em Minas Gerais.
"É importante explicar que a empresa é de estética automotiva, então ela trabalha com diversos tipos de serviços, desde uma lavagem especializada até micropinturas. Agora, quando o serviço ou o cliente exigem um serviço ainda mais especializado, como a troca de escapamento, são usados serviços terceirizados, que são realmente preparados para isso. Não como equivocadamente explicou o delegado, serviço caseiro. São empresas preparadas e que têm o know-how [conhecimento] para fazer o serviço", explicou o advogado David Soares.
Soares ainda informou que não sabe o nome da empresa terceirizada.
O que diz a investigação
Na última sexta-feira (13), o delegado Vicente Soares informou que a peça era de fabricação do próprio local.
"[O dono da oficina] relatou que eles manufaturam esse downpipe na própria oficina, eles constroem esse downpipe. Não foi um downpipe comprado em uma indústria, em uma fábrica, como existem. Existem downpipes feitos em indústrias. Esse era de certa forma caseiro e ele foi instalado", disse o delegado.
Entenda
Em 1º de janeiro, quatro pessoas foram encontradas desmaiadas dentro da BMW estacionado no Terminal Rodoviário de Balneário Camboriú. O Corpo de Bombeiros e o Samu foram acionados, por volta de 7h30, para atender uma ocorrência de vítimas em parada cardiorrespiratória.
Por volta de 40 minutos, as equipes de resgate tentaram reanimar o grupo, mas sem sucesso. Eles foram declarados mortos pouco depois das 8h. Uma quinta vítima que também estava no veículo foi a única sobrevivente. Ela não teve a identidade revelada.
O grupo foi à rodoviária de Balneário Camboriú para encontrar uma mulher, namorada de um dos jovens, que estava vindo do mesmo estado. A turista chegou à cidade por volta de 3 horas da manhã de ônibus, e ficou na rodoviária esperando os integrantes da BMW irem buscá-la.
"O veículo chega e eles [ocupantes] avisam para ela que estão passando mal. Eles relatam náusea, tontura, tremedeira, entenderam por bem esperar até melhorar", diz Bruno Effori.
Com a mulher, os cinco ocupantes ficam dentro do automóvel, com o ar-condicionado ligado, esperando na rodoviária. Nesse meio tempo, o delegado conta que a visitante recém-chegada de Minas Gerais sai repetidas vezes para ir ao banheiro.
"Ela não permaneceu o tempo todo dentro do veículo, que ficou ligado por cerca de 3h a 4h com o ar condicionado ligado", frisa.
A única sobrevivente relata que chegou a pensar que os quatro jovens estavam dormindo enquanto ia ao banheiro. Bruno Effori pontua que ainda será investigado que se há participação de uma terceira pessoa no caso.
Segundo o delegado da Polícia Civil Bruno Effori, responsável pelo caso, o monóxido de carbono "estaria sendo jogado para dentro do veículo por meio de uma perfuração que havia no cano entre o motor e o painel". Ainda assim, o esperado é que apenas a perícia constate a hipótese.
As quatro pessoas eram naturais de Paracatu e Palmas de Minas, em Minas Gerais, e moravam na Região Metropolitana de Florianópolis há cerca de um mês.
- Nicolas Kovaleski, de 16 anos;
- Karla Aparecida dos Santos, de 19 anos;
- Tiago de Lima Ribeiro, de 21 anos;
- Gustavo Pereira Silveira Elias, 24 anos.