Cuidados como uso de máscaras de proteção, distanciamento social e evitar locais fechados deverão ser hábitos pelos próximos dois anos, mesmo após a chegada da vacina contra a Covid-19. A análise é da pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo. Em entrevista à Folha de São Paulo, Margareth enfatizou que tais cuidados "são medidas civilizatórias".
"No Brasil, não há um município que não tenha caso registrado. O vírus vai ficar endêmico. Portanto, o fato de ser vacinado não nos isenta de andar de máscara pelos próximos dois anos, por exemplo. De termos cuidado com ambientes fechados, de solicitarmos testes negativos para embarcar em voos internacionais", afirma.
Para a pesquisadora, o fato de alguém não querer se vacinar poderá acarretar consequências como restrições para viajar ou matricular filhos na escola. "Quando alguém ingenuamente diz que não vai se vacinar também não vai viajar. Nem vai matricular criança na escola. São medidas que não são, ao meu juízo, coercitivas. Eu vejo essas medidas como civilizatórias. Pelos próximos dois anos, os cuidados precisarão ser mantidos", conclui.
No último dia 17, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a vacina contra a Covid-19 pode ser obrigatória e liberou União, estados e municípios a aprovarem uma lei que restringe direitos das pessoas que não quiserem se vacinar.
Os cientistas afirmam que há ainda muitos conhecimentos a serem produzidos a respeito do vírus e das vacinas que podem combatê-lo. Entre as incertezas que serão carregadas para o próximo ano, estão a duração da imunidade concedida pela vacina e a capacidade de mutação do vírus, que pode trazer a necessidade de uma vacinação recorrente e periódica, como acontece com a gripe.