Conheça Virgínia Leone Bicudo homenageada do Google nesta segunda-feira (21)

Psicanalista é celebrada pelo Doodle do buscador nesta data

O Doodle do Google celebra, nesta segunda-feira (21), o aniversário da psicanalista brasileira Virgínia Leone Bicudo, pioneira nos estudos raciais no Brasil, conseguindo garantir que as perspectivas negras fossem ouvidas pela academia. Se viva, ela estaria completando 112 anos nesta data. 

A homenagem à profissional da saúde mental está disponível somente no buscador acessado pela rede de computadores brasileira. 

QUEM É VIRGÍNIA LEONE BICUDO?

Filha de uma imigrante italiana e empregada doméstica com um homem negro que sonhava em ser médico, mas teve o desejo frustrado ao ser recusado por faculdades de medicina devido à cor da pele, Virgínia Leone Bicudo nasceu em São Paulo, no ano de 1910. Após ser impedido de iniciar na medicina, o pai dela decidiu investir na educação dos filhos. 

A jovem herdou a ambição dos pais e também priorizou os estudos. Em 1930, se formou na Escola Caetano de Campo. Ela completou um curso de educação em saúde pública antes de conseguir um emprego como atendente psiquiátrica. Bicudo rapidamente ganhou uma promoção e atuou como supervisora na Clínica de Orientação Infantil em São Paulo.

Em 1936, se matriculou na Escola Livre de Sociologia e Política, primeira instituição de ensino superior do Brasil que ensinava ciências sociais. Sendo a única mulher no programa, foi nele em que aprendeu sobre Sigmund Freud. Após dois anos, se formou como bacharel. 

Tensões raciais

Bicudo acreditava que poderia usar a psicanálise para entender melhor as tensões raciais do País, essas que impactaram a vida dela e do pai. 

Em seguida, fez pós-graduação na mesma instituição, e a dissertação do curso com foco nas relações raciais foi a primeira sobre o assunto no Brasil. A inovação lhe rendeu um convite para participar de um projeto de pesquisa da Unesco voltado a analisar questões de raça em diferentes países. No estudo, a especialista concluiu que o País não era uma democracia racial, o que contradizia as crenças do próprio orientador dela e fez com que o trabalho não fosse publicado. 

Ao retornar ao Brasil, foi tratada como uma impostora pelo meio acadêmico por não ser formada em medicina. Em 1959, se mudou para Londres, Inglaterra, onde estudou com alguns psicanalistas mais proeminentes da época. Ela transmitiu palestras ao Brasil através da BBC para divulgar o próprio trabalho. 

“Nosso Mundo Mental”

No mesmo ano, quando voltou ao país natal, fundou o Instituto de Psicanálise da Sociedade de Psicanálise de Brasília. Ela também apresentou um dos programas brasileiros de rádio mais populares, o “Nosso Mundo Mental”, e enquanto escrevia uma coluna homônima em jornal. Os esforços e a resiliência de Bicudo lançaram as bases para as futuras gerações de psicanalistas. 

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