O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação ética contra a campanha da Volkswagen que utiliza a imagem da cantora Elis Regina, falecida em 1982, recriada por inteligência artificial.
O órgão afirmou ao portal Uol que recebeu queixa de consumidores questionando se é ético ou não o uso de inteligência artificial para trazer pessoas mortas de volta à vida.
A campanha publicitária mostra Elis em um dueto inédito com a filha, Maria Rita, ilustrando o relançamento da Kombi. As duas aparecem cantando 'Como Nossos Pais', canção ícone da Música Popular Brasileira escrita pelo cearense Belchior.
A representação contra a campanha deve ser julgada por uma das Câmaras do Conselho de Ética do Conar nas próximas semanas. O conselho, que regulamenta campanhas publicitárias no país, aceita e analisa denúncias e manifestações de consumidores.
Uso de inteligência artificial
O comercial da Volkswagen dividiu opiniões na internet por usar a imagem de Elis, morta há mais de trinta anos.
Internautas questionaram o fato de a artista não ter consentido com o uso de sua imagem, além da criação de imagens com pessoas já mortas.
Para recriar a cantora, uma dublê foi utilizada para dirigir o veículo nas imagens originais, com o intuito de que o rosto da artista fosse acrescentado já no processo de edição utilizando o reconhecimento facial.
Segundo a Volkswagen, o material é assinado pela agência AlmapBBDO e utilizou a técnica mais conhecida como deepfake, que transforma imagens e vídeos com a tecnologia de inteligência artificial para criar novos conteúdos que não tem a necessidade de ligação com a realidade
Na etapa de edição, uma tecnologia de redes neurais artificiais fez uma mistura entre o rosto da dublê e a imagem recriada de Elis Regina. A voz da música inserida no vídeo é original da cantora.
Assista ao comercial
Nem só a Kombi ganhou destaque na campanha publicitária. Reforçando o caráter da emoção e identificação dos brasileiros, veículos como o Gol, o Fusca, a Brasília e o SP2 deram as caras no vídeo apontando para os novos lançamentos que foram substituindo os já icônicos em solo brasileiro.