Após acidente da Voepass, piloto pede respeito e defende efetividade da aeronave: 'ultrasseguro'

Na sexta-feira (9), um avião do mesmo modelo caiu em Vinhedo (SP) e matou todos os 62 passageiros e tripulantes

Na manhã deste sábado (10), passageiros de uma aeronave ATR-72, operada pela Voepass, mesmo modelo da que caiu na cidade paulista de Vinhedo no dia anterior, foram surpreendidos com uma declaração do piloto. Antes da decolagem do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em direção a Cascavel no Paraná - mesma rota do acidente - o profissional lamentou a tragédia e explicou que o modelo é ultrasseguro. As informações são da Folha de S. Paulo.

"Toda vez que vocês ouvirem alguma coisa sobre o ATR, informem que é um avião ultrasseguro. Existem mais de 2.000 unidades voando no mundo. É um avião que voa na Europa, nos Estados Unidos, na neve, então ele não tem problemas para operar em condições de gelo", informou aos passageiros, ainda que reconhecendo que é um avião mais suscetível.

"É notório, todos vocês sabem do acidente que aconteceu ontem [sexta-feira] com nossos amigos aqui na base de São Paulo. Gostaria de dizer que é uma fatalidade. [Danilo Santos] Romano, o comandante, era meu amigo pessoal. Todo mundo que estava a bordo, eu conhecia há muito tempo", lamentou, ainda.

Na sexta-feira (9), um avião do mesmo modelo caiu em Vinhedo (SP), a 79 km da capital paulista, e matou todos os 62 passageiros e tripulantes. Houve, inclusive, atraso no voo deste sábado porque a tripulação usaria aquela mesma aeronave e, devido à tragédia, precisou esperar por outra para decolar. A partida ocorreu por volta das 10 horas com 15 assentos vazios.

"Todos nós temos famílias, filhos. Essa tragédia não atinge só quem pereceu nesse acidente, atinge todos nós. Estamos aqui hoje com todo nosso coração, dando nosso melhor, todo nosso profissionalismo. [...] Tenho certeza de que a intenção da companhia é que todo mundo chegasse bem aqui em São Paulo", completou o piloto.

Investigação

As causas do acidente ainda são investigadas. A principal hipótese levantada até o momento é de que tenha ocorrido um acúmulo de gelo nas asas da aeronave. Há, ainda, possibilidade de falha na posição da hélice, como apontou especialista ouvido pela Folha.

A caixa-preta já está nas mãos das autoridades, conforme o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, da Força Aérea Brasileira.

O avião contava com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos, segundo a Agência Nacional de Avião Civil (Anac). Os quatro tripulantes mortos no acidente também estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.

"A aeronave estava regular, em todas as condições de aeronavegabilidade. Temos a rastreabilidade desde que a aeronave foi construída e isso será levantado e a informação será prestada à investigação feita pelo Cenipa", informou o diretor da agência, Luiz Ricardo.