Promotoria alemã afirma acreditar que Madeleine McCann está morta

Identificado pela imprensa alemã como Christian B., o suspeito está preso em Kiel, no norte do país, após ter sido condenado a sete anos de prisão, no final de 2019, pelo estupro em 2005 de uma estadunidense de 72 anos

Autoridades alemãs consideram que a menina Madeleine McCann, que desapareceu em Portugal quando tinha três anos de idade, em 3 de maio de 2007, está morta.

"O gabinete do promotor público está investigando um cidadão alemão de 43 anos por suspeita de assassinato. Com isso, você pode ver que assumimos que a garota está morta", disse a jornalistas nesta quinta (4) Hans Christian Wolters, porta-voz da Promotoria da região de Braunschweig, na Alemanha.

A polícia britânica, porém, que trabalha com a alemã e a portuguesa no caso, disse não ter "evidências definitivas" de que ela tenha morrido e continua investigando seu "desaparecimento".

Identificado pela imprensa alemã como Christian B., o suspeito está preso em Kiel, no norte do país, após ter sido condenado a sete anos de prisão, no final de 2019, pelo estupro em 2005 de uma estadunidense de 72 anos na praia da Luz, a mesma em que Madeleine desapareceu.

Segundo veículos alemães, ele recorre dessa condenação.

Christian B. viveu na região do Algarve português de 1995 e 2007, segundo o Serviço Federal de Polícia Criminal da Alemanha (BKA), e morou em uma casa a cerca de 3 quilômetros da praia da Luz durante alguns anos no período em que Madeleine desapareceu do apartamento em que a família passava as férias, no condomínio Ocean Club.

A polícia afirma que o suspeito trabalhou no setor turístico e teria sido investigado por roubos em complexos hoteleiros e tráfico de drogas.

O jornal alemão Bild, que chegou a publicar uma foto do suspeito, diz que ele também já foi processado por pornografia infantil e abuso sexual de crianças e teria falado sobre Madeleine em um site de bate-papo. O jornal o descreve como branco, de cabelos loiros e curtos, com 1,80 metro e magro.

A polícia alemã, no entanto, diz que não tem provas para condenar Christian B. pela morte de Madeleine e lançou um pedido de informações, junto com fotos de uma casa e dois carros que seriam ligados ao suspeito -um deles, um Jaguar, foi transferido para o nome de outra pessoa no dia seguinte ao do desaparecimento da menina.

Também foram divulgados o número do telefone que o suspeito usava na noite em que Madeleine desapareceu e o de uma pessoa que falou com ele entre as 19h32 e as 20h02. A menina teria sido levada entre as 21h10 às 22h.

As polícias dos três países oferecem uma recompensa de 20 mil libras (cerca de R$ 120 mil) para quem tiver informações que levem à condenação do suspeito.

O mistério do desaparecimento de Madeleine já provocou caçadas policiais em parte da Europa e, segundo o jornal britânico Guardian, o esforço mais recente custou mais de 11 milhões de libras (mais de R$ 66 milhões) à polícia do país desde 2011.

Os próprios pais, que na época disseram estar jantando com amigos em um restaurante próximo, chegaram a ser tratados como suspeitos, mas a investigação passou a considerar que a menina havia sido sequestrada.

Na noite desta quarta (3), Christian Hoppe, investigador do BKA, afirmou, em um programa de TV alemão, que a polícia havia seguido o rastro do suspeito na época, mas que não havia informações suficientes para uma investigação, muito menos para uma prisão.

Antes da declaração da Promotoria alemã de que considerava Madeleine morta, Clarence Mitchell, porta-voz da família McCann, disse que os pais da menina, Kate e Gerry, consideravam o anúncio de um suspeito "potencialmente muito significativo".

Segundo o porta-voz, que representa a família desde o desaparecimento da menina, a polícia nunca havia sido "tão específica" sobre um suspeito.

"De todos os milhares de pistas e possíveis suspeitos mencionados no passado, nunca houve algo tão claro quanto o de não apenas uma, mas três forças policiais", afirmou no telejornal matutino "BBC Breakfast", da TV britânica.

A outro telejornal da rede britânica um policial que participou da investigação inicial, Jim Gamble, também afirmou que era a primeira vez em 13 anos em que "ousava ter esperança".