Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, é preso após tentar impor lei marcial; saiba como foi operação

Esta foi a segunda tentativa de prender o político. A primeira falhou depois de um tenso impasse com membros da segurança presidencial oficial

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(Atualizado às 06:25)

O presidente da Coreia do Sul, afastado de suas funções, Yoon Suk Yeol, foi preso na manhã desta quarta-feira (15) (noite de terça-feira, 14, no Brasil) devido à tentativa fracassada de impor a lei marcial no País, após centenas de investigadores anticorrupção e policiais invadirem sua residência para encerrar um impasse de semanas.

O político, afastado em um processo de impeachment e acusado de insurreição pelo esforço de curta duração para impor a legislação extraordinária em dezembro, torna-se assim o primeiro presidente ainda no cargo a ser preso na história da nação asiática.

Centenas de policiais e agentes do Escritório de Investigação de Corrupção (CIO, na sigla em inglês) chegaram à entrada da residência presidencial antes do amanhecer. O local era protegido por milhares de simpatizantes de Yoon e por sua fiel guarda presidencial. Bloqueados pelo pessoal de segurança, alguns agentes escalaram muros do perímetro e caminharam por trilhas nos fundos para chegar ao prédio principal, situado no alto de uma colina.

Esta foi a segunda tentativa de prender o político. A primeira aconteceu em 3 de janeiro e falhou após um tenso impasse de horas com membros da segurança presidencial oficial de Yoon, que se recusaram a ceder quando os investigadores tentavam executar seu mandado de prisão.

Após horas de tensão, o advogado de Yoon anunciou que ele concordara falar com os investigadores, mas, pouco tempo depois, estes anunciaram que o presidente afastado tinha sido preso. "O Escritório de Investigação Conjunta executou um mandado de prisão para o presidente às 10h33 [locais, 22h30 da terça-feira em Brasília]", diz o comunicado da equipe formado pela polícia, a agência anticorrupção e o Ministério da Defesa.

Em uma mensagem de vídeo gravado previamente, o dirigente conservador afirmou que decidiu cumprir a ordem de prisão "para evitar qualquer derramamento de sangue infeliz". O presidente deixou a residência num comboio policial e entrou pouco depois nas dependências da agência anticorrupção, confirmaram jornalistas da AFP.

'Mandado ilegal'

Antes da confirmação da prisão, correspondentes da AFP presenciaram algumas brigas no portão, onde os apoiadores ferrenhos de Yoon estavam acampados para protegê-lo, enquanto as autoridades conseguiam entrar pela primeira vez no complexo. Legisladores do Partido do Poder Popular de Yoon também correram para a área em uma aparente tentativa de defender o presidente afastado, segundo os profissionais da AFP.

Seus apoiadores gritavam "mandado ilegal!" enquanto agitavam bastões luminosos e bandeiras sul-coreanas e americanas. Alguns estavam deitados no chão do lado de fora do portão principal do complexo residencial.

Policiais e oficiais do CIO começaram a removê-los da entrada à força, enquanto cerca de 30 legisladores do partido de Yoon também bloqueavam os investigadores, segundo a emissora Yonhap News TV.

Os seguranças de Yoon instalaram arame farpado e barricadas em volta da residência, transformando-a no que a oposição chamou de "fortaleza".Devido à situação tensa, a polícia decidiu não portar armas de fogo, mas usar apenas coletes à prova de balas na nova tentativa de executar o mandado nesta quarta, caso fossem recebidos por guardas armados, informou a mídia local.

A ordem judicial vigente permite sua retenção por no máximo 48 horas. Para que ele siga sob custódia, os investigadores precisam solicitar outro mandado de prisão. A equipe jurídica de Yoon criticou reiteradamente o mandado como ilegal.

Em uma investigação paralela, o julgamento de impeachment de Yoon começou na terça-feira com uma breve audiência, após ele se recusar a comparecer. Embora sua falta — que seu estafe atribuiu a supostas preocupações de segurança — tenha forçado um adiamento processual, as audiências continuarão sem Yoon, com a próxima marcada para quinta-feira (16).

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