Morre aos 91 anos o ex-ditador Augusto Pinochet

Santiago - O ex-ditador chileno Augusto Pinochet morreu ontem, aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago. Ele estava internado desde domingo passado após sofrer um ataque cardíaco. Pinochet passou seus últimos anos enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder. Sob seu regime, mais de 3.000 pessoas foram mortas.

Apesar das acusações, o ex-general não chegou a ir a julgamento, já que alegava uma saúde frágil. Recentemente, quando aniversariou, Pinochet divulgou um comunicado afirmando que assume a ´responsabilidade política´ pelos atos cometidos durante seu regime, mas que a única razão para suas medidas era ´fazer do Chile um grande país e evitar a desintegração´.

´Perto do final dos meus dias, quero manifestar que não guardo rancor de ninguém, que amo a minha pátria acima de tudo, que assumo a responsabilidade política de tudo que aconteceu´, afirmou o ex-ditador em mensagem lida por sua mulher, Lucía Hiriart. A nota foi lida diante de 60 partidários que foram cumprimentá-lo por seu aniversário em sua mansão, situada no bairro de La Dehesa, em Santiago.

Pinochet enfrentava processos por crimes de violações dos direitos humanos, fraude ao fisco e uso de passaportes falsos no chamado Caso Riggs -aberto após a descoberta de contas secretas no exterior, nas quais ele acumulou a fortuna de US$ 27 milhões, cuja origem não foi determinada. Entre os processos relacionados a direitos humanos, figuram o desaparecimento de dissidentes em 1975, na chamada Operação Colombo, na qual Pinochet foi acusado de envolvimento no seqüestro de ao menos três dissidentes por serviços de segurança de seu governo.

O ex-ditador chegou a ser preso cárias vezes. No mês passado, o juiz Víctor Montiglio ordenou sua prisão domiciliar como suposto responsável pelo seqüestro e homicídio de dois presos políticos em 1973, dentro do caso ´Caravana da Morte´. As duas vítimas da ´Caravana´, Wagner Salinas e Francisco Lara, eram membros da segurança do presidente socialista Salvador Allende, que se suicidou no palácio de La Moneda durante o golpe liderado por Pinochet em 11 de setembro de 1973.

Em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiava a Dina (polícia secreta chilena) sob o regime de Pinochet, denunciou que Pinochet e seu filho, Marco Antônio, estariam envolvidos na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína.