Um incêndio na Ilha de Páscoa causou um prejuízo "irreparável" ao danificar cerca de 80 moais, as icônicas estátuas de pedra presentes neste território insular chileno no Oceano Pacífico, disseram autoridades nesta sexta-feira (7).
O incêndio, que arrasou cerca de 100 hectares do Parque Nacional Rapa Nui e já foi extinto, afetou o vulcão Rano Raraku, alcançando a pedreira onde a antiga civilização indígena Rapa Nui construiu seus moais. No local, há 416 esculturas em diferentes fases de construção.
"Foi possível extinguir [...] o incêndio na pedreira do vulcão Rano Raraku que, no entanto, causou um dano irreparável ao patrimônio cultural da humanidade", disse o presidente chileno, Gabriel Boric.
Devido à geografia local, o maquinário dos bombeiros não foi capaz de acessar a região, que começou a queimar na segunda-feira (3), explicou o prefeito da Ilha de Páscoa, Pedro Edmunds, em coletiva de imprensa em Santiago.
As chamas, a fumaça e a água afetaram dezenas de moais da pedreira, informou o prefeito. Um deles ficou completamente carbonizado e "seus danos são irreparáveis", disse Edmunds. "Vai continuar lá, deste jeito, até que os danos sejam avaliados e a humanidade encontre uma solução".
Possibilidade de incêndio criminoso
As autoridades estudam a hipótese de o incêndio ter sido intencional. "O fogo foi iniciado por criadores de gado para abrir pastos. Todos os indícios apontam para isso", afirmou o ministro da Agricultura, Esteban Valenzuela.
Edmunds alertou para a falta de guardas florestais, devido a uma redução do orçamento em meio ao que qualificou como uma situação de "abandono da ilha" por parte do governo central, e atribuiu a isso o rápido avanço das chamas.
Localizada cerca de 3,5 mil km a oeste do continente americano, no meio do Oceano Pacífico, a Ilha de Páscoa é habitada por cerca de 8 mil pessoas. O incêndio ocorreu dois meses depois de a ilha ser reaberta ao turismo, após dois anos e meio fechada pela pandemia de coronavírus.
Antes da pandemia, a Ilha de Páscoa, cujo principal sustento é o turismo, recebia cerca de 160 mil visitantes por ano, através de dois voos diários. Mas, com a chegada da Covid-19 ao Chile, a atividade turística foi suspensa por completo.