Poucas horas após a prisão da quinta suspeita detida em meio às investigações da morte da contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, a mulher foi solta. Antônia Carliani do Nascimento teve a liberdade restituída em decisão da Justiça, na audiência de custódia.
Antônia foi presa nessa quarta-feira (20), em posse de um dos celulares de Kaianne, no bairro Jardim das Oliveiras. Ela foi apontada pelas investigações como a receptora do aparelho de trabalho da contadora morta e o celular devolvido por policiais à família de Kaianne.
Nessa quinta-feira (21), a Justiça concedeu liberdade provisória à flagranteada. A prisão foi substituída por medidas cautelares, como a proibição que a suspeita se ausente da comarca onde reside, por mais de oito dias, sem informar o local onde poderá ser encontrada.
O Ministério Público do Ceará (MPCE) também foi a favor da soltura. A magistrada da 17ª Vara Criminal - Vara de Audiências de Custódia - pontuou na decisão que Antônia é réu primária e que "no mais, analisando o feito, verifica-se que a conduta supostamente praticada pela agente, consistente em receptação, não revela uma maior gravidade a fundamentar a sua segregação cautelar, vez que se trata de crime perpetrado sem grave ameaça ou violência à pessoa".
COMO A POLÍCIA CHEGOU À SUSPEITA
Durante as investigações acerca da morte da contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, verificou-se que o celular de trabalho da vítima havia sido levado pelos autores do crime. O aparelho foi identificado, tendo sido solicitado à operadora que informasse se algum chip de telefonia havia sido inserido no celular em data posterior ao homicídio.
"A operadora de telefonia informou que um chip havia sido inserido, cujo cadastro pertencia à Sra. Antônia Carliani do Nascimento. Durante as investigações, constatou-se que Adriano Andrade Ribeiro, autor confesso do homicídio, foi até a casa de Antônia Carliani momentos após o crime. Ao dirigirem-se até a casa da autuada, o celular foi encontrado, e estava na posse do filho da mesma, o qual informou que sua mãe havia lhe dado o referido aparelho. Além desses fatos, a autuada também possuía outro aparelho celular, o qual, após consulta, verificou-se que esse segundo celular também era objeto de roubo, conforme B.O. registrado no sistema policial".
MARIDO ENCOMENDOU O CRIME
As investigações policiais sobre a morte de Kaianne Bezerra tiveram uma reviravolta em meio às diligências e apontaram que o marido dela teria encomendado o crime. Leonardo Nascimento Chaves foi preso por suspeita de feminicídio no dia 5 de setembro, ao sair da casa da sogra.
A motivação do crime seria o desejo do suspeito de obter um seguro de vida, no nome da esposa, no valor de R$ 90 mil, para pagar dívidas. A Polícia levantou a informação que ele podia viajar para o exterior nos próximos dias.
A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz, que mostraram Leonardo Nascimento Chaves conversando com o motorista de aplicativo Adriano Andrade Ribeiro e um adolescente - que viriam a ser capturados pelo suposto latrocínio - por volta de 20h35 daquela noite de 26 de agosto, poucos minutos antes da morte de Kaianne Bezerra Lima Chaves.
No total, há cinco suspeitos do crime: o marido mandante, o motorista de aplicativo que fingiu render o companheiro de Kaianne, o adolescente apreendido que teria sido o autor do estrangulamento (antes dizia que era uma paulada), um homem de 27 anos autuado no dia 12 de setembro, que aceitou esconder os objetos roubados — uma televisão e cafeteira da casa da contadora —, e Antônia Carliani.
As investigações ainda descobriram que as câmeras de segurança da casa da vítima estavam desligadas no momento em que os executores chegaram a residência para forjar um "assalto".
CONTADORA FOI ESTRANGULADA
A contadora morreu vítima de estrangulamento, segundo aponta laudo pericial divulgado pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) nessa quinta-feira (21).
O exame cadavérico apontou "asfixia mecânica em decorrência de esganadura'. O corpo de Kaianne, que foi morta em sua casa em Aquiraz, na Grande Fortaleza no dia 26 de agosto, passou também por exame de necropsia.
"Foram coletados vestígios para exames complementares para chegar ao autor do crime. Ao término de todos os levantamentos periciais necessários, os laudos serão encaminhados para a Polícia Civil", diz a PC-CE.