A investigação sobre os assassinatos de um pai e um filho, dentro de um carro, no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), apontou que as vítimas foram mortas por engano. Dois policiais militares foram presos e denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) pelo duplo homicídio.
Francisco Adriano da Silva, de 42 anos, e o seu filho, de 13 anos, foram executados a tiros, na Avenida Cícero Sá, no dia 18 de agosto do ano passado. A Polícia Civil do Ceará (PCCE) chegou a considerar a possibilidade do adolescente morto ser o alvo da ação criminosa (em razão de ter sofrido mais tiros), mas o avanço das apurações apontou que os criminosos queriam matar outro jovem.
No aditamento da denúncia, o MPCE descreveu que "é importante registrar que as mortes de Francisco Adriano e de seu filho Francisco Gabriel foram fruto de um equívoco, pois ambos não registravam antecedentes desabonadores ou sequer indícios de envolvimento com crimes".
Outro adolescente, suspeito de cometer assaltos e homicídios na região - além de morar perto das vítimas - seria o alvo dos criminosos, segundo a denúncia. Os investigadores encontraram consultas ao nome do adolescente em sistemas policiais, realizadas pelos acusados.
PMs foram denunciados pelo duplo homicídio
O Ministério Público do Ceará denunciou os soldados da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Paulo Roberto Rodrigues de Mendonça e Halley Handroskowi Magalhães Martins pelo duplo homicídio que vitimou pai e filho, no Eusébio.
Paulo Roberto foi preso em flagrante, no mesmo dia do crime, após perseguição policial, no bairro José Walter, em Fortaleza. Quatro armas de fogo, um simulacro e um silenciador foram apreendidos com o suspeito.
Segundo a denúncia do MPCE, laudos periciais de Exame de Comparação Balística, elaborados pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce), concluíram que as munições apreendidas no local de crime e no corpo do adolescente apresentavam convergência com uma arma de fogo apreendida na posse do policial militar.
Já Halley Handroskowi foi preso em uma operação da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), junto de outro suspeito de colaborar com o crime, em fevereiro deste ano.
Os dois PMs presos negaram participação no crime, ao serem interrogados pela Polícia Civil. A defesa do soldado Paulo Roberto teve um pedido de habeas corpus negado no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e ingressou com um pedido de soltura no Superior Tribunal de Justiça (STJ). "O processo se encontra em sigilo externo e por este motivo não podemos tratar de mais detalhes", ressaltou o advogado Kaio Castro.
Já a defesa do soldado Halley Handroskowi aguarda a decisão do TJCE sobre o seu pedido de liberdade. O MPCE se posicionou contra o habeas corpus. A defesa do PM, representada pelo advogado Lucas Cidrão, afirmou que "somente se manifestará nos autos em razão do sigilo".