Um homem acusado de ser um líder da facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), preso em São Paulo em julho do ano passado, foi condenado pela Justiça do Ceará a mais de 23 anos de prisão. José Eraldo Mesquita do Nascimento, o 'Eraldo Coragem', é um dos 'Irmãos Coragem' - familiares que comandam uma organização criminosa responsável por tráfico de drogas, roubos a bancos e homicídios na Região Norte do Ceará.
A Vara de Delitos de Organizações Criminosas definiu, em sentença proferida no dia 26 de agosto útil, que 'Eraldo Coragem' deve cumprir uma pena de 23 anos e 8 meses de reclusão, em regime fechado, por cometer os crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, além de integrar organização criminosa. A prisão preventiva do réu foi mantida.
O colegiado de juízes que atua na Vara considerou, na decisão, que integrar a facção Primeiro Comando da Capital merece "maior reprovação penal". "Seria injusto tratar da mesma forma um integrante do PCC, dando a pena mínima, e um integrante de uma organização criminosa qualquer, sem os graves atributos do PCC", alegou.
Segundo a decisão judicial, o PCC "é uma organização criminosa com ramificação em diversos Estados da Federação brasileira. O grupo é envolvido com rebeliões, assaltos, sequestros, assassinatos e narcotráfico. A facção atua principalmente em São Paulo, mas também está presente em 22 dos 27 estados brasileiros, além de países próximos, como Bolívia, Paraguai e Colômbia. Possui cerca de 30 mil membros, sendo que só no estado de São Paulo são mais de 8 mil".
A investigação da Polícia Civil do Ceará (PCCE) identificou que 'Eraldo Coragem' estava envolvido em um confronto entre as facções PCC e Comando Vermelho (CV), por domínio de território para comercializar drogas, em Sobral e na Região Norte do Ceará. O réu atuaria principalmente no fornecimento de entorpecentes para os pontos de venda.
José Eraldo foi preso em uma operação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Ceará (Ficco/CE), em julho do ano passado. Ele estava no bairro Vila Peri, na Capital de São Paulo, e tentou enganar os policiais ao apresentar um documento falso.
"Tem-se, pois, que o acusado é integrante da facção criminosa PCC, atuando em prol do grupo criminoso para manter o monopólio da referida facção, sendo responsável pela prática de diversos crimes, notadamente o tráfico de drogas e associação ao tráfico de drogas, conforme elementos de convicção contidos em relatório de interceptação telefônica, evidenciando que o grupo é responsável pelo comércio de drogas e outros crimes no município de Sobral/CE", concluiu a Vara de Delitos de Organizações Criminosas.
Quem são os 'Irmãos Coragem'?
Uma quadrilha atuante na Região Norte do Ceará, ligada à facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), foi condenada pela Justiça Estadual a uma pena total de 69 anos e 2 meses de prisão, em agosto deste ano. O grupo criminoso ficou conhecido como 'Irmãos Coragem' devido à liderança de irmãos envolvidos com crimes como tráfico de drogas, roubos a bancos e homicídios.
Seis réus foram condenados à prisão. Entre eles, está um dos 'Irmãos Coragem', Marcos Batista Ferreira Mendes, conhecido como 'Marquim Coragem', que foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão, por integrar organização criminosa
Outro 'Irmão Coragem', Evaldo Batista Ferreira, o 'Evaldo Coragem', chegou a ser sentenciado a 14 anos e 11 meses de prisão, pelos crimes de integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Entretanto, a Vara intimou o Ministério Público do Ceará (MPCE) para se manifestar sobre a certidão de óbito de Evaldo, que morreu em uma ação policial no Estado da Bahia, no dia 18 de janeiro deste ano. A Unidade judiciária foi informada pela defesa do réu sobre a morte apenas uma semana antes da sentença.
'Evaldo Coragem' era a outra liderança da organização criminosa. Ele estava foragido e figurou na lista dos Mais Procurados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), com recompensa de R$ 8 mil por informações sobre a sua localização. Evaldo foi encontrado em uma investigação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Ceará (Ficco/CE), no Município de Juazeiro, na Bahia, onde morreu em um confronto com a Polícia, no dia 18 de janeiro deste ano.