A Justiça Estadual mandou soltar mais quatro policiais militares acusados de integrar uma organização criminosa especializada na extorsão de traficantes na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), alvo da primeira fase da Operação Gênesis, do Ministério Público do Ceará (MPCE). Os outros cinco PMs que respondem ao mesmo processo criminal já haviam sido soltos.
A Auditoria Militar do Ceará determinou a soltura do sargento Paulo Rogério Bezerra do Nascimento, no último dia 29 de agosto; do sargento Auricélio da Silva Araripe, no último dia 25; do sargento Ronaldo Gomes Silva, no último dia 24; e do subtenente Francisco Soares Frota, no dia 21 de julho deste ano.
Em todos os casos, o juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho substituiu a prisão preventiva pela aplicação de medidas cautelares por 90 dias. São elas:
- Proibição de acesso a unidades policiais militares, salvo se for formalmente requisitado;
- Recolhimento domiciliar noturno e nos finais de semana e feriados, com monitoração eletrônica;
- E afastamento das funções policiais e, consequentemente, proibição de uso do fardamento e da arma de fogo e recolhimento da farda, da arma e da identidade funcional.
As decisões seguem as solturas de outros cinco policiais, também acusados de integrar a organização criminosa: os subtenentes Saulo Lemos de Albuquerque e José Zorrillo Lima do Carmo; os sargentos José Urubatan de Oliveira e Neilton Marques Pereira; e o soldado Antônio Danuzio Silva.
De acordo com o magistrado, a soltura dos PMs se justifica porque "não há relatos ou evidências de que o requerente esteja ameaçando ou coagindo as testemunhas arroladas na denúncia, nem que pretenda furtar-se de eventual aplicação de sanção penal ou que criem embaraços a instrução".
Diante do tempo decorrido desde a prisão, entendo que não mais subsiste a necessidade da preventiva para assegurar a ordem pública, pois existem medidas cautelares suficientes para fins de impedir a reiteração e prestigiar a hierarquia e a disciplina".
Policiais foram presos em setembro de 2020
Os nove policiais militares foram alvos de mandados de prisão na primeira fase da Operação Gênesis, deflagrada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Ceará, em 16 de setembro de 2020. Também foram presos, na ofensiva, três policiais civis da ativa, um policial civil aposentado e cinco traficantes, também acusados de integrar a mesma organização criminosa.
Uma investigação do Gaeco sobre uma facção criminosa descobriu uma organização criminosa autônoma, que mesclava membros da Segurança Pública do Estado e traficantes. O líder era o inspetor da Polícia Civil aposentado, que exercia a função de recrutar policiais da ativa, que ficavam encarregados principalmente de abordar os traficantes que seriam extorquidos.
O grupo atuava em várias regiões de Fortaleza, como no Siqueira, na Messejana e no Jóquei Clube, além do Município de Maracanaú. Os alvos das extorsões eram traficantes médios e agiotas e as cobranças variavam de R$ 4 mil a R$ 10 mil.
A segunda, a terceira e a quarta fase da Operação Gênesis, deflagradas em outubro de 2020 e maio e julho de 2021, respectivamente, chegaram a outras quadrilhas formada por policiais, acusadas de práticas criminosas como extorsão de traficantes e proteção de criminosos. As ações contaram com o apoio da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) e da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).