Caso Jamile: médicos que atenderam empresária não acreditam em tentativa de suicídio

Os depoimentos foram colhidos pela delegada Socorro Portela no 2º Distrito Policial, no Bairro Meireles.

Dois médicos do Instituto Dr. José Frota (IJF) que atenderam Jamile de Oliveira Correia, 46,  para onde a empresária foi encaminhada após ser baleada, na madrugada do dia 30 de agosto, não acreditam que ela tenha tentado o suicídio. Cinco funcionários da equipe médica do hospital foram ouvidos no 2º Distrito Policial, no bairro Meireles, na tarde da última terça (8).

O Sistema Verdes Mares teve acesso à íntegra dos depoimentos dos profissionais. Uma anestesista contou que chegou a atender Jamile ainda com vida. A empresária disse estar “com muita dor”. Perguntada sobre um hematoma no olho, Jamile respondeu ter sido causado por “uma queda”. A depoente declarou que viu o orifício do projétil, “não havendo queimadura ao redor”. Portanto, acredita que “o tiro não foi encostado”.

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“A depoente disse que, quando viu a paciente, em nenhum momento pensou que havia sido uma tentativa de suicídio”, consta no depoimento. Conforme a anestesista, o perfil de pacientes que dão entrada no hospital por esse motivo se dá por pulos, ingestão de medicamentos ou tiro na cabeça. Ela salienta ainda que a paciente, em nenhum momento, "pediu para morrer", o que costuma ocorrer em casos semelhantes.

Outro médico relatou que "somente na borda do orifício de entrada estava um pouco esfumaçado", mas não saberia apontar se o disparo foi à queima-roupa, a curta ou a longa distância. O profissional também indicou que "a lesão no olho da paciente parecia ser referente a agressão física".

Caseiro e amigo de Aldemir

Na manhã desta quarta-feira (9), a Polícia Civil ouviu o depoimento de mais duas pessoas sobre o caso. A delegada Socorro Portela colheu relatos do caseiro do sítio de Aldemir, em Pindoretama, e de um advogado amigo do ex-namorado de Jamile.

No depoimento, o caseiro informou que trabalha para Aldemir Pessoa há nove anos e disse que gostava muito da empresária, inclusive, chamando-a de "doutora Jamile". O caseiro também relatou gostar do patrão, e que nunca presenciou desentendimentos ou brigas entre os dois no período em que estiveram juntos.

O advogado Fernando Araújo prestou depoimento porque foi a primeira pessoa para quem Aldemir ligou após Jamile ser baleada. Ele disse que Aldemir deu a ele a versão do suicídio. Fernando declarou surpresa com o ocorrido porque considerava Jamile uma pessoa “alegre”. Ele qualificou o casal como “tranquilo”. “Nunca vi agressão, mas também não participava muito socialmente com eles. Nunca vi nada”, disse.

Os advogados de acusação e defesa, que acompanharam os depoimentos, não quiseram comentar os relatos. Um novo depoimento está marcado para a próxima sexta. Nele, deve ser ouvido o médico que realizou a cirurgia de Jamile.