Sete anos após um confronto armado em Quixadá, que resultou na morte de três policiais militares, mais dois dos acusados pelo ataque vão a júri popular. O julgamento dos réus Fábio Oliveira Rabelo, o 'Fábio Bombado' e Fábio Jandson Gomes de Sousa, 'Jandson do Feijão' está agendado para acontecer no próximo dia 27 de setembro, a partir das 9h, na 4ª Vara do Júri de Fortaleza.
Os dois são acusados de fazer parte de uma quadrilha especializada em assaltos a carro-forte. No dia 30 de junho de 2016, data do crime, eles e outros nove comparsas teriam entrado em confronto com PMs, ainda fazendo alguns dos militares reféns e deixado um quarto agente ferido na ação criminosa. A defesa dos réus alega que eles são inocentes.
Na ocasião, conforme denúncia do Ministério Público do Ceará, o bando fez uso de armamento de grosso calibre, como fuzis. A reportagem apurou que o júri deve acontecer de forma híbrida, com algumas testemunhas que foram convocadas a depor por videoconferência.
Talvane Moura, advogado de defesa da dupla, diz que "foram sete anos esperando por este momento para demonstrar a inocência dos defendentes e a grave injustiça realizada neste processo. Para tanto a defesa vai mostrar 15 pontos que demonstram a inocência total dos dois Fábios, desde os exames de DNA, papiloscópico e balísticos que deram todos negativos em relação aos dois. Afora isso, as graves violações a direitos fundamentais".
O processo principal acerca do crime segue em segredo de Justiça
O CRIME
Uma quadrilha fortemente armada, preparada para roubar um carro-forte, foi localizada e começou a ser perseguida pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), na tarde de 30 de junho de 2016. A perseguição seguiu até o Distrito de Juatama, em Quixadá, quando houve uma intensa troca de tiros.
Três policiais militares foram baleados e não resistiram aos ferimentos: o sargento Francisco Guanabara Filho, o cabo Antônio Joel de Oliveira Pinto e o soldado Antônio Lopes Miranda Filho. Pelo menos dois PMs ficaram feridos e outros dois foram levados pelos criminosos na fuga, em uma viatura da PMCE. Os dois agentes acabaram liberados pela quadrilha, em uma estrada entre Quixadá e Ibaretama.
Na época, o confronto sangrento causou clamor na população cearense e teve repercussão nacional. Associações de policiais e autoridades se manifestaram.
BUSCAS
O então governador Camilo Santana lamentou a ocorrência, solidarizou-se com as famílias e com a tropa e determinou 'uma força-tarefa para atuar imediatamente no cerco em toda a região no sentido de prender cada um dos criminosos para que recebam a punição devida da Justiça'.
FORAM ACUSADOS PELO CRIME
- Fábio Oliveira Rabelo, o 'Fábio Bombado',
- David William Lazaro, o 'Deivim',
- Edneudo Oliveira Silva, o 'Neudo Pipoca'
- Fábio Jandson Gomes de Sousa, 'Jandson do Feijão'
- Francisco Neuton Barbosa Freire, 'Neuton' ou 'Casquinha'
- Aroldo Cabral Sampaio
- José Nobre do Nascimento Filho, o 'Zé Filho',
- José Massiano Ribeiro, 'Massiano'
- Veridiano Rabelo Cabral Júnior
- João Victor da Silva, 'Joãozinho' ou 'Vitão'
- Jovanny Rodrigues Pinheiro
"A defesa aduz ainda que punir é civilizatório, mas punir inocentes, como é o caso dos defendentes, é uma grave tragédia à pessoa humana"
De acordo com a denúncia, ocupantes de um Suzuki Vitara já desembarcaram efetuando inúmeros disparos de arma de fogo de uso restrito, tipo fuzil, contra os policiais militares, e vestidos de coletes à prova de bala, com "armamento com alto poder de destruição, revela a união de desígnios e o animus de provocar as mortes dos policiais militares"
"Todos os integrantes do grupo criminoso contribuíram para o citado enfrentamento e pelos resultados correspondentes, mesmo que não tenham agido diretamente na execução, pois previram, prepararam-se e assumiram o risco pelo evento mais grave"
Em 2021, José Massiano Ribeiro foi sentenciado a cumprir 123 anos de prisão, por integrar organização criminosa, matar os três policiais militares, além de ferir e de fazer outros PMs reféns.
Na sentença, a juíza concluiu que "as consequências dos crimes são gravíssimas, não somente pelo resultado morte de pessoas jovens, mas também porque os desdobramentos dos delitos alcançaram de modo indelével toda a sociedade quixadaense e, em especial, a instituição da Polícia Militar do Estado do Ceará".