524 pessoas, que foram consideradas como desaparecidas em Fortaleza no ano de 2023, acabaram sendo encontradas vivas, até o fim de agosto. O número representa 80% do total de desaparecidos registrado na Capital entre janeiro e agosto do ano corrente, que foi de 655 pessoas, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS).
Já 30 pessoas (o equivalente a 4,5%) tidas como desaparecidas foram encontradas mortas. E 101 pessoas (15,4%) seguem desaparecidas. Qualquer informação sobre desaparecidos pode ser repassada à Polícia pelos números 190 ou (85) 3257.4807 - que também funciona no aplicativo WhatsApp.
No Ceará, 864 pessoas desaparecidas foram encontradas com vida, o que representa 59,5% das 1.452 pessoas que desapareceram entre janeiro e agosto do ano corrente.
O menino Heitor Viana Kobayashi Silva, de 9 anos, entrou para a estatística mais triste: foi encontrado sem vida, na lagoa da Universidade Estadual do Ceará (Uece), na Capital, no último dia 7 de setembro. A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) concluiu que ele morreu por "asfixia por afogamento, sem sinais de violência".
A procura por Heitor - que durou menos de 24 horas - sensibilizou a população cearense e foi impulsionada pela ferramenta Ambert Alerts, que foi utilizada pela primeira vez no Brasil para divulgar o desaparecimento da criança nas redes sociais.
A ferramenta, desenvolvida pela empresa Meta (que detém as redes sociais Facebook, o Instagram, o Threads e o WhatsApp) em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), começou a funcionar, em fase experimental, no Ceará, no Distrito Federal e em Minas Gerais, conforme divulgado no último dia 30 de agosto.
O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, Samuel Elânio, acredita que a mensagem sobre o desaparecimento de Heitor chegou a milhões de moradores do Ceará, através das redes sociais: "Esse sistema busca, de uma forma mais eficiente e rápida, ajudar na busca de pessoas desaparecidas. Uma das formas de otimizar essa comunicação é com a difusão da informação em um raio de 160 km do local do desaparecimento da pessoa".
Mais unidades para investigar desaparecimentos
Elânio destaca que o Ceará foi um dos estados a receber o sistema Ambert Alerts em razão do trabalho desenvolvido em Fortaleza pela 12ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil do Ceará (PC-CE). Inclusive, um delegado que atua na Unidade foi mobilizado para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, para na implantação de novas tecnologias e protocolos na investigação dos casos de desaparecimentos.
"A Delegacia de Desaparecidos, a 12ª Delegacia do Departamento de Homicídios, já tem alguma expertise, de alguns protocolos, no que pertine à localização de pessoas. O Estado do Ceará passou a ser referência nesse trabalho de divulgação e localização de pessoas."
Uma das últimas estratégias adotadas pela Delegacia se deu através da parceria com a empresa Urbmídia, que veiculou imagens de pessoas desaparecidas em Fortaleza em outdoors e televisores espalhados pelas ruas e terminais de ônibus, na Capital. A iniciativa foi indicada ao 20° Prêmio Innovare. Por último, as imagens de desaparecidos também ganhou os telões da Arena Castelão.
Os resultados da Delegacia Especializada levam a SSPDS a planejar a instalação de mais unidades voltadas para investigar desaparecimentos. O secretário Samuel Elânio revela que pelo menos três núcleos especializados devem ser instalados em delegacias no Interior Norte (no Município de Sobral), Interior Sul (na Região do Cariri) e no Sertão Central do Ceará.