Icó celebra aniversário com correção histórica

Após estudo, pela primeira vez a data é comemorada no Município no dia certo, 4 de maio

Escrito por Honório Barbosa - Colaborador ,

Icó. Após um trabalho de pesquisa que durou 16 anos, esta cidade, na região Centro-Sul do Ceará, comemora, finalmente, hoje, a sua data correta de emancipação política. São 279 anos, após a instalação da Vila, em 4 de maio de 1738, criada por Carta Régia de dom João V, então Rei de Portugal, 17 de outubro de 1735. Na época, o Ceará pertencia à Capitania de Pernambuco. Hoje é feriado municipal para festejar a data.

Até o ano passado, Icó comemorava sua emancipação em 25 de outubro. “Seriam apenas 175 anos, um erro grosseiro de 104 anos”, observa o memorialista e pesquisador Altino Afonso Medeiros. “Era um absurdo, pois cidades mais novas no Ceará, eram mais antigas do que Icó, segundo as leis municipais”.

O trabalho contou com o apoio dos vereadores Gilberto Barboza, então presidente da Câmara; e Victor Luís. A lei modificativa foi aprovada em novembro de 2016, mas todos os 15 parlamentares aprovaram a proposta de revogação da lei anterior e de mudança do artigo 18 da Lei Orgânica do Município.

A pesquisa e a proposta de modificação foram feitas por Altino Medeiros, por meio de um trabalho voluntário, a partir de consultas no Arquivo Público do Estado, no Instituto Histórico e Geográfico do Ceará, em bibliotecas e fundações, além de visitas às cidades de Aquiraz, Fortaleza, Sobral, Crato e Tauá.

Todas as despesas foram custeadas pelo próprio pesquisador, que é técnico da secretaria de Cultura do <USNREGIONAL>Município. “Estou muito feliz com a mudança, fiz esse trabalho por amor a Icó, para uma correção histórica”, frisou Altino Medeiros. “Finalmente, vamos comemorar, nesta quinta-feira, 4 de maio, os merecidos 279 anos de emancipação política da então Vila de Icó”.

Terceira

De acordo com os levantamentos do pesquisador, a primeira vila a ser instalada no Ceará foi Aquiraz, em 1699; e a segunda, Fortaleza, em 1726. A terceira foi Icó, em 1738. “Somos a terceira do Ceará e a primeira do sertão”, observou Altino Medeiros.

Houve reunião com vereadores, historiadores e a realização de duas audiências públicas, mas muitos parlamentares e moradores mostravam-se duvidosos. “Foi preciso o então vice-governador, Domingos Filho, participar de uma sessão na Câmara e mostrar que a nossa pesquisa estava correta”, afirmou Altino Medeiros. “É aquela história: santo de casa, não faz milagre”. Para o pesquisador, a missão foi cumprida a partir da modificação da Lei Orgânica do Município e da revogação da Lei anterior. 

Programação

Para comemorar a nova data, a Prefeitura de Icó vai promover hoje, quinta-feira, hasteamento do pavilhão com as bandeiras do Brasil, do Ceará e de Icó, na antiga Casa de Câmara e Cadeia, a partir das 7h.

Em seguida, haverá corte de um bolo em comemoração ao aniversário do Município. Às 17h será celebrada missa solene, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação, a padroeira do Município. O templo é a edificação mais antiga da cidade, erguida em 1709, no Largo do Théberge, sítio histórico. 

À noite, o pesquisador Altino Alfonso fará uma explanação sobre aspectos da história do Município e o processo de correção da data de emancipação, no Largo do Théberge, em uma roda de conversa. Em seguida, haverá feira de artesanato e comidas típicas.

A prefeita de Icó, Laís Nunes, disse estar alegre em participar como gestora do primeiro ano da comemoração correta da emancipação do Município. “Entendo que avançamos e fizemos um acerto com a história”, frisou. “Neste feriado, temos muito o que comemorar e consolidar Icó como centro turístico e de preservação do seu patrimônio material, os casarões e sobrados, igrejas, teatro”.

Em 4 de maio de 1738, deixou de ser o Arraial de Nossa Senhora do Ó e passou a ser Vila do Icó, em solenidade presidida pelo ouvidor do Ceará, Victorino Pinto da Costa Mendonça.

A data de 4 de maio de 1738, enquanto emancipação, é reafirmada em documentos coletados por Dr. Pedro Théberge, em sua obra “Extractos dos Assentos do Antigo Senado do Icó, desde 1738 até 1835”. De fato, após Aquiraz e Fortaleza, ambas litorâneas, Icó foi a primeira Vila instalada do sertão da Capitania do Ceará. O termo senado diz respeito à Câmara Municipal, instalada juntamente com a Vila, por ser o corpo político-administrativo da época, emprestando-lhe autonomia.