Setembro bateu recorde de queimadas no Ceará

Setembro passado foi o mês com maior número de queimadas no Ceará, em comparação com igual período de 2016

Iguatu. Nesta época do ano, a mata nativa seca e a baixa umidade do ar contribuem para o aumento no número de incêndios na vegetação. Setembro passado foi o mês com maior número de queimadas no Ceará, em comparação com igual período de 2016. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A tendência de aumento dos focos vai até dezembro.

O Inpe tem um programa de monitoramento por satélite de Queimadas no Brasil. Em setembro último, foram registrados 2.556 focos de incêndio no Ceará. Em 2016, em igual período, foram observados 2.249. Nos primeiros cinco dias deste outubro, os dados já apontavam para 865 focos. Entre 1998 e 2016, outubro de 2005 bateu o recorde, com 7.338 focos ativos de queimadas na Caatinga cearense.

Nesta cidade da região Centro-Sul do Ceará, setembro terminou com dois incêndios, que atingiram ampla área de pastagem e vegetação nativa nas localidades de Varjota e José de Alencar. "Esse incêndio do Alencar permaneceu por quatro dias, e foram três ações de combate, mas o fogo ressurgia", disse o capitão Marcos Acácio, da Seção de Combate a Incêndios do Corpo de Bombeiros em Iguatu.

Em agosto, o Corpo de Bombeiros registrou, em Iguatu, 76 ocorrências de incêndios em vegetação e, em setembro, foram 71. "Esses incêndios são fruto da ação humana, de forma criminosa ou involuntária", pontuou o capitão Acácio. "Alguns começam pelo lixo, em uma pequena área, e o fogo se espalha", completa.

No distrito de Alencar e na Chapada do Mouro, o problema se repete a cada ano. No início deste mês, um incêndio devastou ampla área de vegetação nativa, no entorno da unidade de exploração de minério de magnésio, conhecida por Magnesita. "É um crime ambiental", observa o capitão Acácio.

Alerta

O sargento Diniz, do Corpo de Bombeiros de Iguatu, faz um alerta para o risco de os incêndios atingirem casas e instalações agropecuárias, além da destruição de mata nativa e de áreas de pastagem: "A mata está bastante seca, os ventos estão fortes, favorecendo que as chamas se alastrem rapidamente".

O satélite do Inpe consegue detectar fogo em área acima de 30m de extensão. No Sertão Central, às margens da CE-168, que liga Boa Viagem a Pedra Branca, foi registrado, na semana passada, incêndio florestal que se alastrou no entorno da rodovia. Só há uma unidade do Prevfogo em Quixadá, que depende de apoio financeiro de Prefeituras ou dos próprios proprietários para pagamento de despesas com deslocamento, hospedagem e alimentação, no serviço de brigada de incêndio florestal.

No sertão cearense, apesar das orientações de técnicos em extensão rural, muitos agricultores ainda mantêm a antiga prática de fazer brocas - corte e queima de restos de culturas plantadas durante a quadra chuvosa como forma de preparar o terreno para o plantio no ano seguinte. Além de ser condenada por destruir micro-organismos e deixar o solo mais pobre, há o risco de descontrole das chamas que podem se alastrar por propriedades vizinhas.