Audiência debate corte de benefícios do INSS

Portadores de necessidades especiais tiveram benefícios do INSS suspensos no município de Granja

Granja. Aconteceu, ontem, audiência pública para discutir as suspensões do pagamento do Benefício Assistencial ao Idoso e ao Deficiente, do programa de transferência direta de recursos do governo federal. O corte no pagamento aconteceu por ocasião da primeira revisão do benefícios, feita entre outubro e novembro de 2006, e atingiu 20% dos 5.163 beneficiados revistos.

Na ocasião, foram buscadas, também, alternativas para melhorar a qualidade de vida do portador de necessidades especiais, oportunidades profissionais, medicamentos gratuitos, acompanhamento psiquiátrico e programas de lazer.

Da audiência pública, convocada pela Defensoria Pública da comarca de Granja, participaram o procurador-chefe da Procuradoria Federal Especializada (PFE/INSS-Sobral), Paulo Henrique Leite Gonçalves, além de equipe técnica, peritos e diversos órgãos locais.

De acordo com o defensor público do Estado, Edmar Lopes Albuquerque, os cortes estão causando sérias necessidades aos assistidos. “Muitos recebiam o benefício por mais de uma década, era a única fonte de renda para manutenção própria e da família. São pessoas carentes, desprovidas de mínima educação escolar, com graves deficiências ou transtornos, físicos ou mentais, irreversíveis em sua maioria, e que tiveram benefícios suspensos”.

Ele destacou, também, que a audiência objetiva estabelecer competências de diversas entidades. “A Delegacia do Trabalho, por exemplo, fiscaliza para assegurar o cumprimento da cota mínima e das condições de trabalho, sob pena de multa. O Centro de Atenção Psicossocial (Caps) prescreve medicação e o poder público, do município ou do Estado, deve fornecer medicamento e tratamento. Mas não basta receber o benefício, é preciso assegurar a auto-estima dessas pessoas”.

A Previdência Social oferece 10 modalidades de benefícios, além da aposentadoria. O benefício assistencial ao idoso e ao deficiente é destinado a pessoas sem condições financeiras de contribuir para a Previdência Social. Têm direito ao amparo assistencial, idosos a partir de 65 anos de idade, que não exerçam atividade remunerada, e portadores de deficiência incapacitados para trabalho e vida independente.

Critérios

Para ter direito ao benefício é preciso comprovar renda mensal “per capita” inferior a um quarto do salário mínimo, hoje equivalente a R$ 87,50. Além disso, a pessoa não pode ser filiada a um regime de previdência social nem receber benefício público de espécie alguma. Para cálculo da renda familiar é considerado o número de pessoas na mesma casa: cônjuge, companheiro, pais, filhos (inclusive enteados e tutelados menores de idade) e irmãos não emancipados, menores de 21 anos e inválidos.

O benefício assistencial pode ser pago a mais de um membro da família desde que comprovadas as condições exigidas. Nesse caso, o valor do benefício concedido anteriormente será incluído no cálculo da renda familiar. O benefício deixará de ser pago quando houver recuperação da capacidade para trabalho ou quando a pessoa morrer. O benefício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão aos dependentes.

A gerente executiva do INSS, em exercício, no município de Sobral, Jacqueline Mont’Alverne Silva, informou que a jurisdição abrange 11 agências da Previdência Social e atende a demanda de 69 municípios. Segundo Jacqueline, dos 5.163 benefícios revistos até agora, foram suspensos cerca de 20%. A indicação para a revisão dos benefícios é feita através das Secretarias de Estado da Assistência Social, que emite laudo técnico para o INSS. “Os segurados que tiveram benefícios suspensos pela revisão estão sendo convocados, por correspondência, para se submeterem à avaliação por meio da junta médica, nas unidades do INSS, onde seus benefícios estavam sendo mantidos, para a confirmação do direito ou não, ao recurso”.

NATERCIA ROCHA
Repórter

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