13 cidades registram as primeiras mortes por Covid-19 no Ceará em 2022; não-vacinados são os mais vulneráveis

Aumento de casos impacta rede de saúde com menor intensidade do que no igual período do ano passado, mas alerta para medidas de contenção da pandemia

A pandemia da Covid-19 já causou 18 mortes nos primeiros sete dias deste ano de 2022, no Ceará, distribuídas em 13 municípios. Foram 12 homens e cinco mulheres, metade deles com mais de 60 anos de idade. Um óbito não teve o sexo informado. Os dados são do portal IntegraSUS, da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado, levantados pelo Diário do Nordeste.

Uma das vítimas também foi um jovem entre 15 e 19 anos. Contudo, dos 17 registros com idade identificada, apenas quatro são de pessoas com menos de 55 anos, idade a partir da qual se considera um aumento na vulnerabilidade.

As cidades com óbitos registrados até esse sábado (8) foram:

  • Fortaleza - 4
  • Cascavel - 2
  • Caucaia - 2
  • Iguatu - 1
  • Canindé - 1
  • Caridade - 1
  • Crato - 1
  • Juazeiro do Norte - 1
  • Pacatuba - 1
  • Pacacuru - 1
  • São Gonçalo do Amarante - 1
  • Sobral - 1
  • Umari - 1


Não há, na plataforma IntegraSus, informações detalhadas de cada um se estavam ou não vacinados.

No entanto, a reportagem apurou, junto à Secretaria da Saúde de Crato, que a morte registrada naquele Município , "foi de um idoso, de 91 anos, que não teria completado o ciclo vacinal".

A Pasta ainda destacou que o caso foge à regra e justificou dizendo que "o Município já aplicou a primeira dose em 99% do público vacinável e mais de 90% da segunda dose. É uma das cidades que mais vacinam no Ceará". 

A médica infectologista Sefora Pascoal, cujo raio de atuação é no Cariri cearense, região onde já há uma morte neste ano, ressalta que "pessoas idosas e com alguma comorbidade são mais vulneráveis e, por isso, devem tomar as duas doses e mais a dose de reforço para que as chances de sintomas mais graves, no caso de ser infectada, reduzam drasticamente". 

Sefora destaca que as chances de um paciente idoso vir a óbito, sem que esteja imunizado, são potencializadas. "Não tem nada mais eficiente do que a vacina. Ela é nossa principal arma neste momento", alerta.

A profissional ressalta, porém, que embora a vacina seja 'altamente eficiente' contra o vírus e reduza a transmissão, "é imprescindível a continuidade do uso das máscaras e distanciamento social".

Crescente linear

Apesar de o número de óbitos neste começo de 2022 ser inferior ao contabilizado em igual período do ano passado (66) a preocupação de especialistas reside no recente aumento de casos após as festas de fim de ano.

"Sempre que houver mais casos, maior será a chance de termos óbitos. Com a vacina avançando, muitas pessoas têm desenvolvido sintomas leves, mas continuam transmitindo. Essa transmissão é que mantém a pandemia viva, aquecida, e isso, uma hora reflete no número de mortes", alertou o professor e infectologista Ivo Castelo Branco.

Além desta crescente - que se agrava diante da variante Ômicron -, o Estado vive um surto da gripe Influenza (H3N2), o que gerou uma epidemia cruzada

Nesta última quarta-feira (5), Camilo Santana anunciou, além de ampliação na oferta de vagas para atendimento aos pacientes com síndromes gripais, medidas sanitárias com um novo decreto, restringido o percentual de públicos em eventos e proibindo festas de Carnaval no Ceará.

Já a ampliação de vagas para atendimento aos pacientes infectados com a Covid-19 surge em um momento em que a demanda nos hospitais está aumentando, ainda que de forma discreta. 

Das 5 macrorregiões de Saúde do Ceará, três (Litoral Leste/Inhamuns, Fortaleza e Sertão Central) têm taxa de ocupação das UTIs acima dos 50%. "O que posso adiantar é que aumentou o número de casos e a positividade (de Covid). Isso não se refletiu ainda e espero que não se reflita em internações hospitalares", ponderou Camilo Santana.

  • Litoral Leste/Inhamuns: 100%
  • Sertão Central: 76,67%
  • Fortaleza: 62,37%
  • Cariri: 42,62%
  • Sobral: 46,43%


O cenário na Capital cearense, por exemplo, tem contornos de alerta ainda maior. Na rede privada, o Hospital da Unimed bateu recorde na demanda, registrando o maior número de atendimentos na emergência desde o início da pandemia. A maioria dos pacientes apresentava sintomas gripais. 

Para a infectologista Sefora Pascoal, o boom de casos atualmente presenciado em Fortaleza deve ser visto nas próximas semanas no Interior do Estado.

"Esse tem sido o comportamento da pandemia. Nas duas primeiras ondas foi assim. Primeiro sobe em Fortaleza e, quando lá está começando a cair, os casos aumentam nas cidades interioranas", explica a médica.

Ainda segundo ela, esse aumento tende a ser maximizado nos próximos dias. "Tivemos várias festas e eventos familiares neste fim de ano, com muita gente aglomerada. A partir da segunda semana do ano devemos observar uma curva ascendente [nas infecções] ainda mais forte", concluiu.