Eleito como aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado Yury do Paredão (PL) corre risco de ser expulso do Partido Liberal por sua guinada recente ao lulismo. Nesta segunda-feira (17), o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, pediu a abertura de um processo interno para expulsar o cearense da sigla.
Desde a posse do presidente Lula (PT), Yury passou a se aproximar do Palácio do Planalto, integrando a base do Governo, recepcionando o petista no Ceará e até fazendo o “L” ao lado de ministros.
Solicitei ao Diretório do PL no Ceará a abertura do processo de expulsão do deputado federal Yury do Paredão. Ao que tudo indica, o parlamentar licenciado parece não comungar com os ideais do Partido Liberal.
— Valdemar Costa Neto (@CostaNetoPL) July 17, 2023
“Solicitei ao Diretório do PL no Ceará a abertura do processo de expulsão do deputado federal Yury do Paredão. Ao que tudo indica, o parlamentar licenciado parece não comungar com os ideais do Partido Liberal”, escreveu Valdemar nas redes sociais.
A insatisfação com a postura do deputado no partido e sua aproximação com o Governo Lula não é de hoje. No início do mês, um grupo de troca de mensagens entre os parlamentares do PL foi tomado por troca de insultos e precisou ser trancado depois que alguns deputados — entre eles Yury do Paredão — votaram a favor da reforma tributária.
Lula e Yury
Em maio, durante a visita de Lula ao Ceará, Yury teve um privilégio que nem alguns petistas tiveram: recepcionou o presidente na visita ao Estado e acompanhou o mandatário no palco na cidade de Crato, no Cariri. Uma foto do presidente e do deputado lado a lado causou indignação nos bolsonaristas.
À época, André Fernandes (PL), principal aliado do ex-presidente no Ceará, já pedia a expulsão do colega parlamentar. “Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem ‘honra’ em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido”, escreveu em referência a Yury.
Em resposta, o deputado federal que estava na foto ao lado de Lula defendeu que o Brasil “precisa olhar para frente”. “Os conflitos radicais não fazem bem ao povo brasileiro. A política é instrumento para a superação de desafios. Ela não deve servir ao radicalismo e nem incentivar o ódio”, escreveu o deputado.
Também em maio, Yury já havia votado a favor da Medida Provisória 1154, a MP dos Ministérios. À época, o deputado do PL e líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Carlos Jordy (RJ) informou que o cearense e outros parlamentares que haviam votado a favor seriam punidos. Na lista estavam ainda Júnior Mano (PL) e Matheus Noronha (PL).
Em resposta, Yury ressaltou que mantém postura de independência. "Até agora não fui informado de nada, o presidente (Valdemar Costa Neto) não entrou em contato comigo. Não tenho nada a tratar com Carlos Jordy, meu relacionamento é com o presidente. Mantenho meu posicionamento de independência. A MP em que votei é do amigo Isnaldo (Bulhões Jr., relator da MP dos Ministérios), que vai dar celeridade ao governo e às demandas do nosso povo", disse.
O Diário do Nordeste procurou Yury do Paredão e aguarda resposta.