O Partido dos Trabalhadores lançou oficialmente, na manhã deste sábado (7), a chapa que reúne o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para a campanha eleitoral de 2022. O evento acontece na capital paulista e não contou com a presença do ex-tucano que, diagnosticado com Covid-19, participou do ato por vídeo.
O evento começou às 10h, no Expo Center Norte, em São Paulo. Com os direitos políticos recuperados após prisão na Lava Jato, o petista consolidou uma aliança no campo da centro-esquerda - com PSB, PCdoB, PSOL, Rede, PV e Solidariedade. A dobradinha com o ex-adversário político, a despeito da resistência na esquerda do PT, foi bancada por Lula.
No seu discurso, que abrangeu diversos setores da sociedade — especialmente a economia —, Lula não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), alegando que todas as conquistas do povo brasileiro estão sendo destruídas nos últimos anos.
"Não vamos desistir, nem eu e nem o nosso povo. A causa pela qual lutamos é o que nos mantém vivos. Esse país precisa voltar a criar oportunidades, para que as pessoas possam viver bem e tornar seus sonhos realidade", disse.
O ex-presidente também criticou o aumento da inflação, destacando a alta dos preços dos combustíveis e da cesta básica, além de apontar o nível da renda familiar dos brasileiros como a menor dos últimos dez anos.
"O atual governo fez o país despencar para a 12ª posição do ranking das maiores economias e a qualidade de vida também caiu de forma assustadora, e não apenas para os mais necessitados. Os trabalhadores e a classe média também foram atingidos em cheio pelo aumento descontrolado da gasolina, dos alimentos, dos planos de saúde e das mensalidades escolares, entre tantos outros custos que não param de subir. Viver ficou mais caro".
Geração de empregos
Parte da fala do ex-presidente também foi para defender aumento de investimentos públicos e a geração de empregos. "Vamos provar que o Brasil pode voltar a ser um País que cresce, que se industrializa e que gera emprego".
Lula falou em "avançar numa legislação que garanta os direitos dos trabalhadores" e que estimule uma "negociação justa" entre trabalhadores e patrões. "Somos capazes de gerar mais de 20 milhões de empregos com direitos garantidos", afirmou.
O pré-candidato defendeu ainda a ampliação de investimentos em infraestrutura como forma de elevar a produtividade do País. Para Lula, é necessário "retomar o modelo de crescimento econômico com inclusão social" que teria marcado o período dos governos petistas.
Dilma Rousseff
Durante o encerramento de sua fala, Lula ainda cumprimentou e destacou a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), afastada por um processo de impeachment em 2016. O petista comentou sobre as indagações que recebe em uma possível parceria entre os dois, caso vença as eleições.
"Companheira Dilma, que bom que você está aqui, porque muita gente na perspectiva de criar uma fusão entre nós dois, fala assim: 'ah, você vai levar a Dilma para o ministério' [...] Nem eu vou levar e jamais a Dilma caberia em um ministério, porque a Dilma tem a grandeza de ter sido a primeira mulher a ser presidenta da história desse país. Eu quero te dizer Dilma, que você não vai ser minha ministra, mas você será minha companheira de todas as horas como você foi desde o dia que nós nos conhecemos", disse Lula.
Alckmin reforça parceria com Lula
Alckmin deu início a sua fala, exibida em um telão, esclarecendo estar com sintomas leves da Covid, graças ao poder dos imunizantes contra a infecção. "Fui diagnosticado com Covid, mas não fui pego desprevenido graças a vacinas e ao sistema público de saúde. Queria muito estar aí com vocês", começou o pré-candidato.
"Nenhuma divergência do passado, nenhuma diferença do presente, nenhuma disputa de ontem, de hoje ou de amanhã, nada servirá de razão, desculpa ou pretexto para que eu deixe de apoiar ou defender com toda a minha convicção a volta de Lula a presidência do Brasil e é com muito orgulho que faço isso", disse.
Ele criticou o governo atual, classificando-o de irresponsável, e declarou ser um parceiro ideal de Lula para uma gestão democrática. "O Brasil sobrevive hoje ao mais desastroso e cruel governo da sua história. Socialmente injusto e irresponsável. Prometemos hoje ao Brasil um governo realmente democrático".
"Presidente Lula, mesmo que muitos discordem da sua opinião de que Lula é um prato que cai bem com chuchu, o que eu acredito vem ainda se tornar um hit da nossa culinária, quero lhe dizer perante toda a sociedade brasileira: Muito obrigado. Serei um parceiro leal, seriamente compromissado com seu propósito de fazer o Brasil um país mais justo e economicamente mais forte", disse o ex-governador.
Os presidentes dos partidos aliados, governadores do PT e lideranças sindicais estão presentes. O ex-governador do Ceará, Camilo Santana, também está no ato.
Cores da bandeira nacional
A equipe de comunicação do ex-presidente apostou nas cores da bandeira nacional no lançamento da pré-candidatura do petista. Até o losango amarelo com o círculo azul, símbolo da bandeira, foi incorporado à marca do "Movimento Vamos Juntos pelo Brasil", que reúne PT, PSB, PCdoB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede.
O vermelho, cor tradicional do PT, também consta na identidade visual. A campanha de Lula apresentou, em totens distribuídos pelo evento, uma marca com o nome do ex-presidente no topo e o nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) abaixo. A marca não faz menção aos cargos "presidente" e "vice-presidente", já que a largada da campanha eleitoral ainda não foi dada.