O PDT inicia, neste fim de semana, uma série de encontros no Ceará com lideranças do partido e dá o pontapé inicial nos preparativos para as eleições de 2022. A agenda marca a posição defendida pela sigla dentro do grupo governista de indicar o candidato à sucessão do governador Camilo Santana (PT) e servirá de estratégia para dar visibilidade aos pedetistas cotados, até o momento, para a disputa pelo Palácio da Abolição.
Os encontros do PDT no Ceará vão começar pela região do Cariri. O primeiro ocorre, neste sábado (11), em Brejo Santo. Em seguida, no domingo (12), está marcado outro evento em Barbalha.
Ao todo, serão 12 encontros do PDT nas regiões do Estado, sendo o último na Região Metropolitana de Fortaleza.
O senador Cid Gomes, uma das principais lideranças do partido, estará presente. A ideia é que o irmão, Ciro Gomes, provável candidato à Presidência da República em 2022, também participe. No domingo, porém, Ciro deve comparecer à manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em São Paulo.
Sucessão estadual
O fato é que todas as lideranças do partido foram convidadas, entre prefeitos, vereadores, deputados estaduais e deputados federais.
Mas o que chama atenção é a presença de quatro pedetistas nos encontros: o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio; a vice-governadora do Estado, Izolda Cela; o secretário estadual de Planejamento e Gestão, Mauro Filho, e o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão. Todos são cotados internamente disputar o Governo do Estado em 2022.
O presidente do PDT no Ceará, deputado federal André Figueiredo, afirma que a presença deles nos eventos será importante para que ganhem visibilidade no interior.
Os encontros regionais do PDT são para que nós possamos começar a discutir tanto conjuntura nacional quanto conjunturas estaduais e, evidentemente, trabalharmos a nossa participação na chapa majoritária. O indicativo é termos o candidato a governador e a presença deles (cotados) serve para se tornarem mais conhecidos".
Esses encontros sinalizam para o arco de aliança governista no Estado a posição do PDT de indicar o candidato à sucessão de Camilo Santana. No entanto, alas do PT, partido do governador, também defendem candidatura própria ao Palácio da Abolição.
Impasses no grupo
O impasse ocorre por causa do cenário nacional. Tudo indica que PT e PDT estarão em lados opostos na eleição presidencial, com o ex-presidente Lula e Ciro Gomes na disputa. Além disso, as críticas de Ciro a Lula incomodam petistas e tensionam a relação.
Apesar das turbulências, lideranças dos dois partidos avaliam que a aliança deve ser mantida no Ceará, com a indicação de Camilo para a vaga de senador na chapa e a condição de montar palanques diferentes: um para Ciro e outro para Lula.
"Sobre a aliança com o PT, temos o indicativo de trabalharmos (juntos). O governador é parte importante nesse processo para dar tudo certo", apontou André Figueiredo.
Camilo Santana é um dos principais fiadores da parceria do PT com o PDT, tanto que intermediou o encontro do ex-presidente Lula com o senador Cid Gomes, no fim de agosto, quando o petista visitou o Ceará.
Manutenção da aliança
O presidente do PT no Ceará, Antonio Conin, aponta para a manutenção da aliança com o PDT e concorda que, se Camilo for o candidato a senador na chapa governista, o "razoável" é que a sigla pedetista indique o candidato a governador.
Quando se discute aliança, geralmente, se compartilha os espaços. Nenhum partido fica com todas as vagas (na chapa). A gente tem clareza da importância da candidatura do Camilo para senador. Nesse contexto, é razoável que o PDT indique o nome (para governador). O que o Cid e Camilo têm dito é que o PDT vai dialogar com a gente sobre o nome, vai ter uma consulta".
A definição do candidato governista a sucessor de Camilo Santana, contudo, só acontecerá no ano que vem e, se seguir a tradição do grupo, só será conhecida pelo público na última hora antes das convenções partidárias.
Vitrine do PDT
O líder do PDT na Assembleia, deputado estadual Guilherme Landim, afirma que os encontros regionais do partido servirão para discutir as eleições de 2022 estadual e nacional.
É uma forma de que essas grandes lideranças do nosso partido voltem ao interior do Estado, para começar a conversar sobre a oportunidade de lutar pela indicação do nome da chapa dessa grande coalizão e começar a discutir a campanha do nosso presidente Ciro no Ceará".
Para o deputado estadual pedetista, Marcos Sobreira, os encontros serão uma oportunidade de dar visibilidade às lideranças do partido cotadas para concorrer ao Governo do Estado.
Todos estarão presentes, debatendo, conhecendo as lideranças, se aproximando da população. Nós viemos de uma pandemia que nos impediu de andar no último ano e a hora agora é de conversar, de se aproximar. Será um momento de unir todo mundo para debater a conjuntura de 2022".
Para Sobreira, a "cabeça" da chapa majoritária ser do PDT, ou seja, a candidatura ao cargo de governador, é "prego batido".
"Sem qualquer menosprezo aos outros (partidos do grupo governista), mas nós somos o maior (partido), o que tem mais prefeitos, a maior bancada estadual, federal, partido da vice-governadora. É mais do que justo que o PDT, que já administrou o Estado, volte a administrar", defendeu.
Oposição
Os encontros do PDT começam em meio às movimentações da oposição no Ceará. O deputado federal Capitão Wagner (Pros), principal liderança da oposição, tem percorrido o Estado, inclusive, nos últimos dias, esteve em Sobral, berço políticos dos irmãos Cid e Ciro Gomes.