Mortes, atentados e brigas: relembre casos de violência ligados a disputas políticas no Ceará

Há algumas décadas, esse tipo de ato estava praticamente intrínseco às tensões eleitorais

O assassinato do guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Aloizio de Arruda, acendeu mais um alerta nacional sobre os riscos de violência política no pleito deste ano. O petista foi morto por um adversário político durante sua própria festa de aniversário em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná. O autor dos disparos foi o policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho. 

Os crimes por motivações políticas, no entanto, são frequentes no Brasil. No Ceará não é diferente. Há algumas décadas, esse tipo de ato estava praticamente intrínseco às disputas eleitorais. 

Conforme levantamento feito pelo Diário do Nordeste, a maioria dos assassinatos de cunho político está envolta em "crimes de pistolagem", como são chamados popularmente casos de homicídios qualificados que "acontecem mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe", "por motivo fútil", ou por "emboscada, ou mediante dissimulação ou torne impossível a defesa do ofendido". A definição é feita no artigo 121 do Código Penal brasileiro.

Em meio a esse sinal de alerta aceso após a morte do militante petista, o Diário do Nordeste relembra casos de violência política no Ceará:

2019

Granjeiro


Um dos casos mais recentes e de maior repercussão ocorreu na véspera do Natal de 2019. João Gregório Neto, conhecido como João do Povo, prefeito de Granjeiro, foi assassinado a tiros enquanto caminhava próximo à parede do Açude Junco, no município do Cariri.

De acordo com as investigações, o caso teve motivação política e os mandantes do crime teriam sido os ex-prefeitos Vicente Félix de Sousa, o “Vicente Tomé”, e Ticiano Tomé, filho de Vicente.

2010

Pereiro

O ex-prefeito de Pereiro, Antônio Mardônio Diógenes Osório, 66, foi executado por dois homens em 31 de dezembro de 2010. Ele foi morto na Fazenda Campos, propriedade rural que pertencia à vítima. O caso aconteceu no início da manhã, quando ele estava na beira de uma estrada de terra, conversando com um grupo de empregados seus que faziam uma cerca.

Ao sair do local em sua caminhonete, dois homens em uma moto o abordaram, perguntaram se ele era "Mardônio Diógenes" e, quando ele respondeu que sim, efetuaram os disparos.

2008

Pedra Branca

Em 25 de setembro de 2008, um militante da candidatura do ex-prefeito de Pedra Branca Francisco Ernesto Lins, conhecido como "Chico Ernesto", foi alvo de tiros na cidade. Ele seguia em uma moto quando dois homens armados o atacaram. Conforme as investigações, os autores do disparo foram dois irmãos simpatizantes de um candidato adversário.

2008

Uruoca

Em 2 de setembro de 2008, o prefeito de Uruoca, Jan Keuly Pessoa Aquino, teve o carro em que viajava para Fortaleza atingido por cinco tiros. O caso, segundo ele, teve motivação política.

2007

Granjeiro

Em julho de 2007, o prefeito de Granjeiro, José Macedo de Lima, foi alvo de um atentado. O veículo em que ele estava foi atingido por seis tiros disparados por pistoleiros. Um dos tiros acertou a coxa de um vereador da cidade, que acompanhava o chefe do Executivo.

2005

Limoeiro do Norte

Em 7 de novembro de 2015, o vereador Lincoln Andrade Maia, de Limoeiro do Norte, acabou falecendo vítima de atentado com indícios de pistolagem por motivação política. O parlamentar estava em casa quando um rapaz o chamou. Na porta, o político foi alvo de tiros no pescoço.

2000

Poranga

Em 9 de agosto de 2000, o líder do Governo na Assembleia Legislativa, o deputado Moésio Loiola (PSDB), denunciou atentado a faca contra um candidato a prefeito no município de Poranga. Segundo Moésio Loiola, o motorista do candidato foi esfaqueado por um homem chamado Luiz Trator. 

1998

Acaraú

Em 8 de maio de 1998, o então prefeito de Acaraú, João Jaime Ferreira Gomes Filho, o Joãozinho, foi assassinado no escritório de representação política da Prefeitura de Acaraú em Fortaleza, no bairro de Aldeota, com um tiro abaixo do olho, de bala calibre 38, disparada a um metro de distância.

1996

Irauçuba

Em 1996, o então prefeito Antônio Gaudêncio Anário Braga foi encontrado morto numa fazenda. Ele foi assassinado com um tiro na boca dentro do próprio carro.

1996

Ipu

Em 8 de outubro de 1996, o prefeito de Ipu, José Carlos Sobrinho, foi agredido com um tiro de raspão por uma vereadora da cidade. O político estava em um bar comemorando a vitória de um aliado nas eleições. A mulher foi presa.

1991

Ibaretama

Em 13 de junho de 1991, o vereador Carlos Alberto Pimentel de Oliveira tentou matar a bala o prefeito de Ibaretama, Raimundo Viana de Queiroz. O autor do atentado foi preso em flagrante.

1990

Pacajus

Em 23 de junho de 1990, o candidato a prefeito de Pacajus, Lúcio Flávio de Menezes, foi alvo de tiros. Os disparos acabaram atingindo o motorista do político. O caso ocorreu faltando 15 dias para as eleições.

1988

Marco

Em 12 de setembro de 1988, em Marco, Antônio Jairo Neves Osterno fez cinco disparos contra Raimundo Pompeu de Lavor por motivos políticos. Jairo era filho do candidato a vice-prefeito do PMDB/PDS, Manoel Jaime Neves Osterno. Lavor disse que a motivação do crime foi porque ele "cantou" algumas músicas eleitorais, incluindo "Galeguim do Zoi Azul".

1988

Morrinhos

Em 20 de setembro de 1988, o prefeito de Morrinhos, Airton Bruno, denunciou o deputado estadual Manuel Duca, o Duquinha. Segundo o prefeito, o parlamentar o agrediu com socos.

1988

Barroquinha

Em 16 de outubro de 1988, o comitê eleitoral do PMDB de Barroquinha foi incendiado. O local foi invadido por desconhecidos e queimaram cartazes, faixas, documentos e móveis. 

1988

Meruoca

Em novembro de 1988, um comício na cidade de Meruoca terminou com a morte do vereador Miguel Arcanjo Alves. Ele foi vítima de tiros de espingarda que estavam direcionados ao candidato a prefeito Francisco Sanford. 

1988

Quixadá

Em 12 de novembro de 1988, o candidato a prefeito de Quixadá, José Policarpo Araújo (PSB), foi baleado em um atentado de cunho político.

1987

Maracanaú

O primeiro prefeito do município de Maracanaú, Almir Dutra, foi assassinado com um tiro na nuca, no bairro Jereissati I, no dia 27 de fevereiro de 1987. A morte teve motivações políticas. O então vice-prefeito, José Raimundo, foi acusado de ser o mandante do crime.

1986

Fortaleza

Em 14 de novembro de 1986, o sociólogo Pedro Albuquerque, então candidato a deputado estadual pelo PDT, foi vítima de agressão física quando jantava em um restaurante na Beira-Mar, em Fortaleza. Ele teve o maxilar direito fraturado.

O candidato disse que foi insultado por um outro cliente, que também xingou o então candidato ao Governo Tasso Jereissati (PDT).

1985

Forquilha

Em 13 de novembro de 1985, no encerramento da campanha municipal em Forquilha, o candidato do PTB, Frota Prado, foi alvo de um atentado. Os tiros, no entanto, atingiram apenas o veículo que transportava o político. Frota Prado era apoiado pelo então deputado Ciro Gomes. 

1982

Pereiro

Em uma chacina na cidade de Alto Santo, em 1982, foram mortos o ex-prefeito de Pereiro, João Terceiro de Sousa,  a mulher dele, Raimunda Nilda Campos,o motorista Francisco de Assis Aquino e o policial militar João Leonor de Araújo.

O autor da chacina foi o pistoleiro Mainha, condenado a 64 anos de prisão pelo crime. A morte integra uma série de crimes de morte envolvendo duas famílias da Região do Jaguaribe, os Diógenes e os Nunes de Brito.

1981

Caucaia

O ex-prefeito Joaci Pontes foi morto no dia 5 de abril de 1981, na localidade Água Suja, próximo ao sítio Juá, em Caucaia. O ex-prefeito, que também foi vereador na cidade, foi atingido à época com um tiro de revólver no peito direito e teve morte imediata.

A causa do crime, segundo a Polícia na época, foi motivada por brigas pela posse de terrenos loteados.  Joaci Pontes foi prefeito de Caucaia de 1974 a 1978. Ele era pai do ex-deputado estadual Ted Pontes e tio do também prefeito, Domingos Pontes.

1972

Aiuaba

Em 1º de maio de 1972, o prefeito de Aiuaba Armando Arraes Feitosa, de 55 anos, foi vítima de um crime de pistolagem no alpendre de sua casa. A vítima, que concorria ao pleito, foi prefeito de Aiuaba por duas vezes e em Saboeiro, quatro. O crime foi cometido pelo pistoleiro Antônio Feitor.

1972

Iracema

O então prefeito de Iracema, Expedito Leite, foi morto no dia 13 de fevereiro, em Fortaleza, na rua Conselheiro Tristão, com um tiro na cabeça. O pistoleiro Idelfonso Maia Cunha, mais conhecido como Mainha, chegou a confessar o crime anos depois.