A disputa eleitoral tem mobilizado políticos cearenses, principalmente aqueles que pretendem retornar à vida pública após não se reelegerem ou encerrarem os mandatos eletivos. O principal cargo almejado são as cadeiras na Assembleia Legislativa do Ceará. Com o início da campanha agendado apenas para o segundo semestre, estes pré-candidatos já viajam pelo Ceará em busca de fortalecer e ampliar as bases eleitorais para outubro.
Ex-prefeitos que não conseguiram a reeleição em 2020 ou que encerram o mandato após oito anos à frente de prefeituras cearenses devem tentar agora uma cadeira no legislativo estadual ou em Brasília. Ex-deputados que também não conseguiram novo mandato em 2018 - alguns permanecendo como suplentes - também devem retornar às urnas.
Neste cenário de intensas movimentações, no entanto, a nova onda de casos de Covid-19 acabou se tornando uma preocupação dos pré-candidatos: muitos acabaram interrompendo ou diminuindo a rotina de visitas às cidades por conta dos riscos.
Disputa para Assembleia Legislativa
Ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, Cláudio Pinho (PDT) deixou o secretariado da Prefeitura de Fortaleza no final de 2021 para concorrer a deputado estadual em outubro. Com a saída da pasta de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Capital, ele aproveitou janeiro para visitar cidades cearenses.
"Saí da secretaria e estive me dedicando aos contatos que já tinha, amigos que já fazem parte do grupo político que nós integramos (...) para irmos em busca do projeto para representar esses municípios, incluindo Fortaleza, na Assembleia Legislativa", detalha.
Os principais focos são municípios da Região Metropolitana e da região Norte do Estado. Ele cita ainda o fortalecimento da chapa do PDT - que já possui a maior bancada na Assembleia - com nomes como o presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique, e da ex-secretária-executiva da pasta estadual de Direitos Humanos, Lia Gomes.
Pré-candidaturas da oposição
Ex-prefeitos alinhados ao deputado federal Capitão Wagner - pré-candidato ao Palácio da Abolição - também pretendem tentar uma das 46 cadeiras da Assembleia Legislativa.
Com Maracanaú como "carro-chefe" da pré-campanha, o ex-prefeito do município Firmo Camurça (PSDB) irá tentar uma vaga como deputado estadual. Aliado ao atual prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PSDB), o ex-gestor municipal deve fazer dobradinha com Fernanda Pessoa (PSDB), que irá tentar o cargo de deputada federal.
"Temos como carro chefe a nossa cidade, por a gente ter nascido aqui, pela vida de trabalho, por morar em Maracanaú e também pela história de serviço prestado. Tenho 32 anos de vida pública em Maracanaú, (sendo) 16 anos de vereador, 8 como vice e 8 como prefeito", destaca.
Em busca de ampliar as bases, ele tem realizado ainda visitas a outros municípios, principalmente àqueles localizados nas proximidades de Maracanaú.
De saída do PSDB
A candidatura de Camurça, no entanto, não deve ocorrer na sigla tucana. Assim como outros aliados, Camurça afirma que deve se filiar ao União Brasil - seguindo os passos de Wagner, que também pode se candidatar pelo novo partido. Segundo ele, os arranjos para essa migração estão "na parte da definição final".
Outro que pode sair do PSDB é o ex-prefeito de Barbalha, Argemiro Sampaio. "Não saí ainda, mas já recebi convites de outros partidos. Se confirmar que o PSDB será situação na eleição, eu irei sair", explica.
O ex-gestor explica que a pré-candidatura a deputado estadual "nasce em um partido de oposição", logo não faria sentido continuar em um partido que vá para a aliança governista. Também alinhado a Capitão Wagner, ele recebeu convites do Podemos e do União Brasil.
Pré-candidato à Assembleia Legislativa, Sampaio teve 17.040 votos e perdeu a reeleição em Barbalha em 2020. Para 2022, tem focado principalmente em visitas no Cariri como forma de se fortalecer como representação da região.
Candidaturas para a Câmara Federal
Já a Câmara dos Deputados deve ser disputada tanto por ex-prefeitos como por ex-deputados federais que planejam voltar a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional.
Ex-prefeito do Cedro, Nilson Diniz (PDT) confirmou a pré-candidatura a deputado federal para 2022. "Estou querendo contribuir neste momento do País, em que estamos vivendo um momento de tanta agressão a instituições públicas", afirma.
Diniz afirmou que iniciou, ainda no final de 2021, algumas viagens a cidades cearenses, mas "por conta da pandemia, nesse mês de janeiro recuamos". O recuo ocorreu devido aos riscos de realizar reuniões em meio ao aumento de casos de Covid-19, completa.
Também da base governista no Ceará, o ex-deputado federal e ex-senador Inácio Arruda (PCdoB) pediu exoneração do cargo de secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Governo do Estado para colocar o nome à disposição do partido.
"Eu não tenho nenhuma pretensão pessoal, mas o nosso partido PCdoB sabe que a estruturação e a existência dos partidos estão vinculados a sua representação na Câmara Federal. Então, o nosso esforço será de retomar uma vaga de deputado federal", afirmou Arruda na última reunião de secretariado que participou, em dezembro.
Suplentes em busca de mandato
Alguns pré-candidatos não conseguiram a reeleição em 2018, mas estão na suplência da Câmara dos Deputados nessa legislatura e chegaram a assumir o cargo mais de uma vez.
Para 2022, eles pretendem tentar novamente conquistar um mandato eletivo na Câmara dos Deputados. Entre os nomes que já confirmaram a pré-candidatura estão Aníbal Gomes (DEM) e Ronaldo Martins (Republicanos), que atualmente está como vereador de Fortaleza.
Outros que devem estar nas urnas são Odorico Monteiro (PSB) e Gorete Pereira (PL) - que assumiu mais de uma vez o cargo por conta de licença da deputada Luizianne Lins (PT), cenário que será bem distinto em 2022, quando os partidos não poderão mais coligar para a disputa proporcional.
Disputa pelo Palácio da Abolição
Ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) também tem se movimentado para a disputa em 2022. Após passar um ano em São Paulo para pós-graduação, o ex-gestor voltou ao Ceará e tem realizado visitas em muitos municípios, buscando ampliar as bases eleitorais - atualmente, concentradas na Capital.
Roberto Cláudio é um dos quatro pré-candidatos do PDT à sucessão do governador Camilo Santana (PT). Junto com ele, concorrem a vaga como cabeça de chapa na disputa a vice-governadora Izolda Cela, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho.