Em um dia intenso de trabalho e debates, os deputados estaduais do Ceará votaram uma série de propostas atendendo a demandas do governador Elmano de Freitas (PT). O pacotão político-administrativo previa autorização dos parlamentares para ações que foram prometidas pelo petista ainda durante a campanha.
Agora, com o caminho livre, Elmano poderá tirar do papel a reforma administrativa anunciada no ano passado, iniciar as ações de combate à fome no Estado, além de ampliar a expectativa de arrecadação tributária no Ceará.
O político também demonstrou a força de sua base parlamentar aprovando — por ampla maioria — todas as propostas que enviou ao Legislativo.
Confira o que foi aprovado no pacotão político-administrativo de Elmano:
Reforma administrativa
Com 34 votos favoráveis, o projeto de reforma administrativa para destravar mudanças no organograma do Governo do Ceará, criando novas secretarias foi aprovado pelos parlamentares.
Agora, o governador Elmano de Freitas, autor da proposta enviada ao Legislativo, fica com o caminho livre para oficializar a criação de dez novas pastas. São elas: dos Direitos Humanos, das Mulheres, dos Povos Indígenas, da Diversidade, da Igualdade Racial, da Juventude, da Pesca e Aquicultura, do Trabalho, das Relações Internacionais e da Articulação Política.
A matéria promove, também, uma nova organização de cargos internos, além de uma gerência diferente nos recursos das novas secretarias. Dessa forma, a Casa Civil é quem fica responsável pelo envio de verba para a execução das ações dos novos secretários.
Criação do Fundo de Sustentabilidade Fiscal
Por 35 votos favoráveis e 8 contrários, os deputados estaduais do Ceará aprovaram a criação do Fundo Estadual de Sustentabilidade Fiscal (FESF) e emendas que alteram o texto original.
No fim, a proposta passa a estabelecer que o Fundo será composto por 8,5% do incentivo fiscal concedido pelo Estado a empresas contribuintes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Na prática, a medida reduz a incidência dos benefícios fiscais concedidos a algumas empresas.
O texto também firma como limite para o incentivo empresas com faturamento igual ou superior a R$ 17 milhões. Conforme o líder do Governo na Alece, o deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), os recursos arrecadados pelo Fundo serão usados no financiamento de outros programas, como o "Ceará Sem Fome".
Os recursos também devem ser usados, segundo o parlamentar, para reduzir as filas para cirurgias eletivas.
Aumento do ICMS
Por 29 votos favoráveis a 13 contrários, foi aprovado o aumento da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Ceará, passando de 18% para 20%. A proposta foi a mais polêmica aprovada pelos parlamentares.
O aumento do ICMS, que incide sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de telecomunicações, passa a valer a partir do próximo ano. A expectativa do Governo do Ceará é ter um aporte financeiro de R$ 1,9 bilhão com o reajuste.
A majoração do tributo está em debate em praticamente todos os estados brasileiros, por orientação do Comsefaz (Comitê Nacional dos Secretários da Fazenda dos estados e do DF), como uma das medidas para tentar diminuir as perdas impostas pela redução do ano passado.
Autorização para empréstimo
Por 35 votos a favor e 7 contrários, os deputados ainda aprovaram a autorização para que o Governo do Estado adquira um empréstimo do Banco do Brasil no valor de até R$ 900 milhões.
O montante deve ser usado para amortizar as dívidas do Estado entre 2023 a 2025. Conforme a mensagem enviada pelo governador Elmano de Freitas (PT), a previsão do serviço da dívida neste período será de RS 2,7 bilhões por ano.
“Representando um volume de gastos do Tesouro Estadual que, apesar de não ser expressivo se tomada a Receita Corrente Líquida, faz-se necessária a concepção de alternativas para a manutenção dos investimentos indispensáveis ao Estado”, argumentou o governador na proposta enviada à Alece.
Realização de mutirão de cirurgias
De forma consensual, os deputados aprovaram a autorização para que o Estado realize um mutirão de cirurgias eletivas no Estado. A proposta é uma promessa de campanha do governador Elmano de Freitas.
“Pretende-se, através deste projeto de lei, e cumprindo promessa de campanha, criar o Plano Estadual de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas na rede pública de saúde, como política pública de fortalecimento dos serviços previstos pelo Estado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou o governador na mensagem enviada aos deputados.
“Com a iniciativa, ficará a Secretaria da Saúde autorizada a coordenar o processo de credenciamento, mediante chamamento público, de pessoas jurídicas, com ou sem finalidade lucrativa, que se encarregarão da realização de cirurgias eletivas, exames complementares e consultas especializadas, suprindo uma carência emergencial no âmbito da rede pública de saúde, devido à grande demanda no setor”, acrescentou o governador.
Criação do Programa Ceará Sem Fome
Outra unanimidade entre os parlamentares, o projeto de criação do Programa Ceará Sem Fome foi aprovado na noite desta quarta-feira (15). A proposta atende a uma promessa de campanha do então candidato Elmano de Freitas, que estabeleceu o combate à fome como uma prioridade de sua gestão.
Com o programa, a intenção do Estado é alinhar diversas pastas e entidades estaduais em prol de ações para os mais pobres. Conforme o Governo do Ceará, haverá ainda ações em parceria com a iniciativa privada para a promoção de políticas públicas efetivas que possibilitem a redução gradual da insegurança alimentar e nutricional no Ceará.
O Estado pretende criar também a rede de unidades sociais produtoras de refeições para permitir o acesso da população mais carente a refeições saudáveis “por meio de parcerias com unidades gerenciadoras — organizações da sociedade civil sem fins lucrativos envolvidas no enfrentamento da fome —, e unidades produtoras de refeição, todos incumbidos do propósito de fazer chegar alimento ao cidadão”.
O programa ainda deve distribuir cestas básicas e vale-gás a famílias em vulnerabilidade social ou também a produtores voluntários, a fim de que possam ser preparadas refeições às pessoas mais carentes de todo o Estado.